55 anos de Let It Be: o fim como documento
Com o passar das décadas, Let It Be passou a ser visto menos como um encerramento e mais como uma peça bruta do acervo beatle.
Por LockDJ
Publicado em 08/05/2025 21:21 • Atualizado 08/05/2025 21:22
Música
Lançado em 8 de maio de 1970, Let It Be completa 55 anos como o registro do fim dos Beatles (Foto: Reprodução)

Lançado em 8 de maio de 1970, Let It Be completa 55 anos como o registro do fim dos Beatles e o retrato de um grupo em transição. O álbum chegou às lojas após o anúncio da separação da banda e se tornou, na prática, seu último lançamento de estúdio — embora tenha sido gravado antes de Abbey Road, lançado em 1969.

 

Originalmente concebido como um projeto chamado Get Back, o disco foi pensado como um retorno às raízes, com ensaios ao vivo em estúdio e foco em registros sem muitos retoques. A proposta era capturar os Beatles "tocando como antes", longe das camadas de produção que marcaram álbuns anteriores.

 

As sessões, no entanto, foram marcadas por tensão criativa, desentendimentos e uma atmosfera que, em retrospecto, prenunciava o fim da parceria entre Lennon, McCartney, Harrison e Starr.

 

As gravações ficaram engavetadas até serem resgatadas por Phil Spector, que assumiu a produção final e inseriu arranjos orquestrais em faixas como “The Long and Winding Road”, decisão que desagradou especialmente a Paul McCartney. Ainda assim, o disco foi lançado como um documento do que restou da ideia original, acompanhado do filme homônimo (Disney+) que expunha a fragilidade do grupo em seus últimos dias.

 

O repertório traz composições como “Across the Universe”, “Two of Us”, “I’ve Got a Feeling” e a faixa-título “Let It Be”, que ganharia força simbólica após o fim da banda. Também estão ali momentos como “Get Back”, que havia sido lançada como single no ano anterior, e “Dig It”, um fragmento experimental que remonta às sessões improvisadas.

 

Com o passar das décadas, Let It Be passou a ser visto menos como um encerramento e mais como uma peça bruta do acervo beatle.

 

Em 2003, McCartney liderou o lançamento de Let It Be… Naked, versão despojada do álbum original, com remoção dos arranjos adicionados por Spector. Em 2021, o documentário The Beatles: Get Back (em cartaz na Disney+), de Peter Jackson, revelou novas camadas do período, ampliando a compreensão pública sobre o processo criativo e os vínculos entre os quatro músicos naquele momento.

 

Cinco décadas e meia depois, Let It Be continua sendo escutado não apenas como um conjunto de canções, mas como um capítulo que encerra uma trajetória e marca o início da mitologia que os Beatles construíram — e que ainda reverbera na cultura contemporânea.

 

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