Em 18 de maio de 2017, o mundo perdeu Chris Cornell, músico norte-americano cuja trajetória está ligada à formação do movimento grunge, ao lado de nomes como Kurt Cobain, Eddie Vedder e Layne Staley. Sua morte, aos 52 anos, marcou o fim de um ciclo que ajudou a redefinir os contornos do rock alternativo nas décadas de 1980 e 1990. Passados oito anos, sua obra permanece como referência estética e musical.
Cornell foi vocalista do Soundgarden, banda formada em Seattle no início dos anos 1980. Com ela, participou da construção de um som que mesclava elementos do hard rock, do punk e da psicodelia, em oposição ao som mais polido das rádios da época. O álbum Badmotorfinger (1991) consolidou o grupo na cena global, e Superunknown (1994), com faixas como “Black Hole Sun” e “Fell on Black Days”, ampliou o alcance do grunge ao cenário mainstream.
O músico também integrou o Audioslave, ao lado de membros do Rage Against the Machine, no início dos anos 2000. A fusão entre o vocal marcante de Cornell e a base instrumental do grupo rendeu três álbuns de estúdio e turnês internacionais. Antes disso, seu envolvimento com o Temple of the Dog — projeto colaborativo em homenagem ao amigo Andrew Wood — tornou-se emblemático por unir nomes que mais tarde despontariam no Pearl Jam.
Paralelamente às bandas, Cornell desenvolveu uma carreira solo com projetos acústicos, trilhas sonoras e releituras de canções de outros artistas. Sua interpretação para “Nothing Compares 2 U”, de Prince, e composições autorais como “You Know My Name”, tema de James Bond, demonstraram um domínio técnico e artístico fora do circuito grunge, sem perder a marca autoral.
Chris Cornell foi também um dos primeiros artistas do grunge a transitar com naturalidade entre espaços considerados opostos: do som pesado do Soundgarden às apresentações intimistas com voz e violão. Sua trajetória permite uma leitura crítica sobre os limites do gênero e sua relação com as expectativas da indústria musical.
A morte de Cornell levantou debates sobre saúde mental no universo do rock, especialmente entre músicos cuja obra muitas vezes expressa sofrimento, conflitos existenciais e instabilidade emocional.
A repercussão do falecimento reverberou entre artistas, críticos e fãs, reforçando a necessidade de atenção à saúde psíquica, tema ainda sensível no meio artístico.
Oito anos depois, a obra de Cornell segue em circulação nas plataformas, nos palcos de bandas tributo e na memória de gerações que acompanharam sua ascensão. O grunge, embora tenha perdido boa parte de seus protagonistas originais, mantém sua relevância simbólica, e a presença de Chris Cornell é parte indissociável dessa história.
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