30 anos de um fenômeno da irreverência musical chamado Mamonas Assassinas
Mesmo com pouco menos de um ano de carreira, o impacto da banda atravessou gerações.
Por LockDJ
Publicado em 22/05/2025 15:31 • Atualizado 22/05/2025 15:32
Música
A formação original dos Mamonas que fez sucesso nos anos 90 (Foto: Marco Antônio Teixeira)

O ano de 2025 marca três décadas do surgimento de um dos maiores fenômenos da música brasileira: a banda Mamonas Assassinas. Formada em Guarulhos, em 1995, o grupo protagonizou uma trajetória meteórica, que rompeu barreiras musicais, desafiou padrões estéticos e transformou a irreverência em linguagem pop.

 

A história dos Mamonas começa anos antes, ainda sob o nome de Utopia, banda que circulava pela cena underground da Grande São Paulo, executando covers de grupos como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Ultraje a Rigor.

 

Com a entrada do vocalista Dinho, a banda percebeu, aos poucos, que o humor poderia ser um caminho mais potente que a seriedade do rock convencional.

 

O processo de transformação ganhou forma definitiva em 1994, quando decidiram adotar um perfil cômico e experimental, que misturava rock, pagode, heavy metal, forró, sertanejo e até ritmos portugueses, como o vira. A mudança incluiu figurinos caricatos e letras que abordavam temas do cotidiano, crítica social e sexualidade, sempre de forma debochada e provocativa.

 

O contrato com a EMI foi assinado em 1995, após um show que impressionou executivos da gravadora. A gravidade da situação era clara: os músicos tinham apenas três músicas prontas e precisaram compor outras nove em uma semana para gravar o disco. O resultado foi o álbum homônimo Mamonas Assassinas, que rapidamente quebrou recordes de vendas — mais de três milhões de cópias em poucos meses, entrando para a lista dos dez discos mais vendidos da história da música brasileira.

 

O sucesso imediato de faixas como “Pelados em Santos”, “Vira-Vira” e “Robocop Gay” alçou o grupo a um patamar inédito. As aparições em programas de TV dispararam índices de audiência. As rádios executavam suas músicas em rotação máxima. As crianças, os adolescentes e os adultos tornaram-se público cativo de um fenômeno que, até então, parecia improvável.

 

Apesar do tom humorístico, muitas músicas também traziam críticas sociais. Em “Robocop Gay”, o grupo tensionava o discurso contra a homofobia. Em “1406”, ironizavam o consumo desenfreado e as televendas. “Mundo Animal” questionava os abusos contra a natureza e a indústria da caça.

 

 

A trajetória, no entanto, foi abruptamente interrompida em 2 de março de 1996, quando o avião que transportava a banda se chocou contra a Serra da Cantareira, em São Paulo. A tragédia resultou na morte dos cinco integrantes e da equipe técnica, provocando comoção nacional.

 

Mesmo com pouco menos de um ano de carreira formalizada como Mamonas Assassinas, o impacto atravessou gerações. O álbum continua figurando entre os mais vendidos do Brasil. Diversos projetos póstumos foram lançados, como discos ao vivo e coletâneas. A influência permanece viva em documentários, filmes, musicais, peças teatrais e no imaginário popular.

 

Três décadas depois, os Mamonas seguem como referência quando se discute irreverência na música, a intersecção entre humor e crítica, e os limites — ou a ausência deles — dentro da indústria cultural brasileira.

 

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