Em Hollywood, sumiços são parte do enredo: vítimas raptadas, resgatadas no último minuto, ou encontradas mortas, mas sempre com uma resolução. Fora das telas, porém, a história de Tammy Lynn Leppert escapa a qualquer roteiro previsível. Quarenta e dois anos depois, o desaparecimento da jovem atriz continua sendo um dos grandes mistérios não resolvidos da indústria.
Tammy parecia ter tudo para dar certo no showbiz. Começou cedo: ainda criança, desfilava como miss e participava de concursos de beleza. Aos poucos, chegou aos sets de cinema. Mas foi em 1983 que tudo mudou — e não para melhor.
Naquele ano, durante as gravações de Primavera na Pele, uma comédia erótica dirigida por Sean S. Cunningham, Tammy teria testemunhado algo tão terrível que a deixou em choque. Segundo relatos publicados pelo site RadarOnline, a jovem desenvolveu um medo profundo e passou a acreditar que estava sendo perseguida. A paranoia tomou conta de seus dias e minou sua saúde mental.
Apesar do trauma, Tammy topou um papel em Scarface, o clássico estrelado por Al Pacino. Seu momento de maior visibilidade foi breve, mas marcante: interpretou a jovem de biquíni que distrai o motorista enquanto seus comparsas tramam pelas ruas. Parecia que sua carreira, finalmente, decolaria.

Tammy Lynn Reppert em cena de 'Scarface' (Foto: Reprodução)
Só que Tammy nunca encontrou o caminho de volta para o brilho das câmeras. A paranoia a impediu de seguir em frente. Durante a exibição de uma cena de assassinato nos bastidores, a atriz correu chorando para fora do estúdio. Largou o projeto e voltou a morar com a mãe, Linda Curtis.
Pouco depois, em 6 de julho de 1983, ela desapareceu sem deixar rastros.
Na noite em que sumiu, Tammy teria confidenciado à mãe que alguém queria matá-la. Linda chegou a levá-la a uma clínica de saúde mental, mas os médicos não encontraram sinais de uso de drogas, álcool ou qualquer diagnóstico que explicasse seus surtos.
A última pessoa a vê-la foi um amigo, Keith Roberts, que contou tê-la deixado perto de um posto de gasolina, depois de uma discussão. Alguns amigos disseram à polícia que Tammy estava infeliz e teria fugido. A mãe dela nunca aceitou essa explicação, sustentando que a filha não abandonaria tudo — especialmente a carreira que tanto desejava.
Quando o caso veio a público, surgiram teorias sombrias: alguns apontaram para serial killers em atividade na época. Entre eles, John Crutchley, acusado de dezenas de assassinatos, e Christopher Bernard Wilder, morto em 1984 após ser acusado de matar 12 mulheres. Mas as investigações não chegaram a nada.
O sumiço de Tammy Lynn Leppert continua como uma ferida aberta na memória de Hollywood. A história tem todos os elementos de um grande suspense, mas falta o que sustenta qualquer filme: um desfecho. Enquanto isso, a jovem de sorriso largo e futuro promissor permanece um enigma — e um lembrete de que, fora das telas, nem sempre existem respostas.
O clássico Scarface está disponível na plataforma Netflix