Aos 30, "Tragic Kingdom" é uma fenda aberta do ska-pop que marcou os anos 90
Álbum revela a energia de um grupo que ainda tateava caminhos, mas que encontrava força nessa incerteza.
Por LockDJ
Publicado em 03/06/2025 07:00
Música
Terceiro álbum da banda No Doubt, Tragic Kingdom é um documento de transição (Foto: Divulgação)

Lançado em 1995, há 30 anos, Tragic Kingdom emerge como um retrato das fissuras internas e externas da banda No Doubt. O disco não é apenas o terceiro trabalho do grupo — é um ponto de virada que capturou a urgência e o descompasso de uma cena que, naquele momento, parecia flertar com o revival do ska enquanto se abria ao pop e ao rock.

 

A presença de “Don’t Speak”, canção que tomou o mundo e se tornou onipresente nas rádios, vai além de balada de separação. A música surge como um esqueleto exposto de dores que, de tão pessoais, ressoam em qualquer ouvido atento. Já “Just A Girl” projeta a figura de Gwen Stefani como intérprete que se recusa a aceitar as molduras previsíveis. É ali que ela costura ironia e desabafo, em versos que desafiam expectativas de gênero e ecoam ainda hoje.

 

O ska — com seu balanço que beira a euforia — encontra nos arranjos de Tragic Kingdom um ponto de encontro com guitarras que desenham linhas quase novas, e uma seção rítmica que parece sempre à beira do improviso. A banda se equilibra entre o calor dos sopros e as tensões que atravessavam suas relações, criando um som que tem algo de festa, mas também de urgência.

 

“Spiderwebs” traz esses fios cruzados, uma teia sonora que, em vez de prender, parece querer libertar.

 

No fundo, Tragic Kingdom é um documento de transição. Ele revela a energia de um grupo que ainda tateava caminhos, mas que encontrava força nessa incerteza. O disco é um retrato de 1995 e também um desvio: aponta para o futuro, mas com o peso e a vibração de quem ainda carrega o calor do palco em cada nota.

 

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