Morten Harket e o compromisso com a jornada mesmo diante do Parkinson
No comunicado publicado, vocalista do A-ha revela que guardou em silêncio a doença por anos.
Por LockDJ
Publicado em 04/06/2025 13:44 • Atualizado 04/06/2025 13:44
Música
Morten Harket, aos 65 anos, enfrenta o mal de Parkinson (Foto: Divulgação)

A notícia de que Morten Harket, vocalista do A-ha, enfrenta o mal de Parkinson chega como uma dobra na narrativa que já acompanha a trajetória da banda desde os anos 1980. O grupo norueguês, que trouxe ao mundo hits como “Take On Me” e “Crying in the Rain”, carrega em suas canções e imagens o espírito de transição e resiliência que parece agora, mais do que nunca, dialogar com o caminho que Morten trilha.

 

Em “Stay On These Roads”, faixa do álbum homônimo de 1988, o A-ha cantava sobre a insistência em manter-se fiel a si mesmo e aos trilhos que se escolhe percorrer, mesmo quando o mundo ao redor parece conspirar contra o movimento.

 

“Stay on these roads / We shall meet, I know”, cantava Morten, e a música ressoa hoje quase como um manifesto particular para quem vive a dança frágil entre corpo e mente que o Parkinson impõe.

 

No comunicado publicado no site oficial, Morten revela que guardou em silêncio a doença por anos, numa tentativa de preservar sua intimidade e seu modo de trabalhar. A recusa inicial em tornar público o diagnóstico reflete o mesmo tipo de reserva e disciplina que sempre marcaram a carreira do A-ha, uma banda que evitou a nostalgia fácil e preferiu manter a dignidade de sua própria história.

 

Harket, agora com 65 anos, conta que precisou “ponderar tanto sobre a maneira como o corpo administra cada movimento” quanto sobre a gestão dos convites sociais e dos compromissos públicos.

 

A escolha de finalmente revelar o diagnóstico à base de fãs e à mídia parece menos uma confissão e mais um gesto de aceitação, quase como se fosse mais um verso do refrão de “Stay On These Roads”. Não se trata apenas de um relato sobre saúde, mas de uma reafirmação do compromisso com a própria jornada, mesmo quando os trilhos parecem tortuosos.

 

Morten e seus parceiros de banda ainda ecoam a década de 1980, mas sua música e postura sempre foram além das fronteiras de uma geração. A luta do cantor contra a rigidez de um corpo que insiste em parar encontra, na música e na arte, a mesma energia vital que impulsionou o A-ha a se manter relevante, décadas depois da explosão inicial de sintetizadores e refrões transcendentais.

 

E, como diz a canção, “We shall meet, I know” — seja nos palcos, nas canções ou nesse instante de humanidade compartilhada que a doença de Morten revela.

 

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