Isolamento e criação: um refúgio no álbum "Só", de Adriana Calcanhotto
O álbum reflete o silêncio das ruas vazias, o medo e a esperança que atravessaram os dias de pandemia.
Por LockDJ
Publicado em 05/06/2025 18:06 • Atualizado 05/06/2025 18:08
Música
Adriana Calcanhoto reafirma a força da arte como companhia e resistência (Foto: Divulgação)

A quarentena da Covid-19 impôs distâncias, mas também abriu frestas para a introspecção e a redescoberta da verve artística. Nesse período de recolhimento, a música virou refúgio e espaço para novas experimentações. Adriana Calcanhotto soube transformar essa pausa forçada em impulso criativo, lançando o álbum "Só", que nasceu no confinamento e carrega as marcas desse momento.

 

Gravado de forma caseira e solitária, "Só" é um disco que transpira intimidade. Adriana compôs, tocou, cantou e produziu todas as faixas, registrando a solidão como matéria-prima. O álbum reflete o silêncio das ruas vazias, o medo e a esperança que atravessaram os dias de pandemia. É também um convite ao ouvinte para um mergulho no essencial — no que fica quando tudo para.

 

O resultado é um trabalho que preserva a delicadeza característica de Adriana Calcanhotto, mas ganha contornos mais crus e urgentes, como se a música fosse uma tentativa de capturar o instante. Canções como "Era Só" e "O Que Temos" soam como diários musicais, oferecendo pequenos respiros e confissões. Já em faixas como "Ninguém na Rua", a artista expõe as fraturas do mundo lá fora e dentro de si.

 

"Só" mostra como o processo criativo, em tempos de isolamento, pode florescer a partir de recursos limitados e, ainda assim, se expandir em possibilidades. Adriana fez da solidão um ateliê e, em meio ao silêncio, encontrou novas formas de compor e dialogar com o ouvinte. Assim, o disco não apenas retrata um tempo suspenso pela pandemia, mas também reafirma a força da arte como companhia e resistência.

 

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