Quando o vento sopra da margem em forma de ciência, resistência e esperança
"O Menino que Descobriu o Vento", de Chiwetel Ejiofor, capta com muita sensibilidade esse poder invisível.
Por LockDJ
Publicado em 15/06/2025 17:50 • Atualizado 15/06/2025 17:53
Entretenimento
Filme é baseado na história real de William Kamkwamba (Foto: Reprodução)

O Dia Mundial do Vento, celebrado em 15 de junho, poderia passar despercebido entre tantas efemérides ambientais, não fosse pela força simbólica que o vento carrega — literalmente e narrativamente. Ele é sopro, deslocamento, ciclo, transformação. E, no cinema, talvez nenhum filme tenha captado com tanta sensibilidade esse poder invisível quanto O Menino que Descobriu o Vento, de Chiwetel Ejiofor.

 

Baseado na história real de William Kamkwamba, um jovem do Malawi que, em meio à seca e à miséria, construiu uma turbina eólica para salvar sua aldeia da fome, o filme se converteu em um manifesto silencioso sobre a potência da invenção popular, da ciência acessível e da energia limpa como ferramenta de dignidade. A história de William é também a do vento como aliado. Não há metáfora exagerada: o movimento das pás do moinho é o renascimento de uma terra que agonizava.

 

Celebrar o Dia Mundial do Vento é, portanto, revisitar esse tipo de narrativa — na qual o vento não é paisagem, mas personagem. No caso de Kamkwamba, o vento não era apenas um recurso natural: era o que restava quando o Estado falhou, quando o colapso climático bateu à porta e quando a escola se fechou para quem não podia pagar. Foi o vento que permaneceu.

 

A energia eólica, hoje exaltada como alternativa sustentável no discurso técnico, já era intuição no gesto de um menino que lia livros de ciências escondido em uma biblioteca improvisada. Em um mundo dominado por fósseis e interesses, a solução de William era, paradoxalmente, o retorno ao que sempre esteve lá — o vento livre, constante, ancestral.

 

Enquanto a WindEurope e o Global Wind Energy Council marcam a data com eventos e dados sobre descarbonização e transição energética, O Menino que Descobriu o Vento permanece como um lembrete ético: a energia limpa só faz sentido se alcançar também os esquecidos, os marginalizados, os que já convivem com a escassez não apenas de eletricidade, mas de oportunidades.

 

No final, o que o Dia Mundial do Vento e o filme têm em comum é a insistência em afirmar que mover o mundo não exige grandes máquinas, mas pequenas rebeldias — e um pouco de vento onde menos se espera.

 

O filme está disponível na Netflix. 

 

#DiaMundialDoVento 

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