Lançado em 1995, Coração Valente completa três décadas como um dos filmes mais discutidos da década de 1990, tanto por seu impacto popular quanto por suas implicações históricas e simbólicas. Dirigido e protagonizado por Mel Gibson, o longa dramatiza a trajetória de William Wallace, figura central da resistência escocesa contra a dominação inglesa no século XIII.
A narrativa é construída com base em uma versão épica e livre da história. O roteiro toma como ponto de partida a opressão exercida pela coroa inglesa sobre o povo escocês e transforma Wallace em um símbolo de liberdade e rebelião. O filme não busca reconstrução documental, mas uma leitura política e emocional da luta contra o domínio externo.
Em 1996, Coração Valente recebeu cinco Oscars, incluindo o de Melhor Filme e Melhor Direção. A premiação ampliou sua circulação e o consolidou no imaginário popular global. Ainda que tenha sido alvo de críticas por suas inúmeras imprecisões históricas — incluindo anacronismos e personagens ficcionais —, o filme ecoou como uma representação simbólica da autodeterminação nacional e da resistência cultural.
Três décadas depois, o impacto de Coração Valente permanece perceptível tanto no campo cinematográfico quanto no debate político. O longa influenciou outras produções com temática semelhante e foi frequentemente associado ao ressurgimento de discursos identitários e nacionalistas, especialmente no contexto da Escócia contemporânea e do referendo pela independência em 2014.
O filme também ampliou a visibilidade de Mel Gibson como diretor, consolidando um estilo baseado em narrativas de martírio, conflitos internos e dilemas morais em meio à guerra e à opressão.
Coração Valente, ao atingir os 30 anos, segue como um objeto de análise sobre o poder do cinema na construção de mitos, na manipulação da história e na fabricação de símbolos coletivos.
O filme está disponível no catálogo das plataformas Disney+ e Mercado Play.