A reinvenção do Capital Inicial com Atrás dos Olhos
O disco marcou a volta de Dinho Ouro Preto, após cinco anos fora da banda.
Por LockDJ
Publicado em 19/06/2025 12:09 • Atualizado 19/06/2025 12:09
Música
Álbum foi gravado em Nashville, longe do eixo comercial do pop brasileiro (Foto: Divulgação)

Em 1998, algo raro aconteceu no rock brasileiro: uma banda vinda dos escombros da geração 80, quase esquecida, retornou ao mapa com um disco que era ao mesmo tempo sobrevivência e reinvenção. Atrás dos Olhos, do Capital Inicial, é esse ponto de virada. Um daqueles álbuns que não aparecem com barulho, mas mudam tudo.

 

Gravado em Nashville, longe do eixo comercial do pop brasileiro, o disco marca a volta de Dinho Ouro Preto após cinco anos fora da banda. Não era apenas um retorno de vocalista — era uma espécie de reaproximação entre o grupo e sua própria identidade, soterrada pelo tempo, pelas mudanças de som, pela indiferença do público. A reunião da formação original foi mais do que simbólica: foi o fio de resgate de uma banda que quase não chegou ali.

 

E então veio “O Mundo”, uma composição de Pit Passarel, baixista do Viper, que o Capital ouviu, gostou e decidiu gravar. A música, com seu lirismo direto e melodia envolvente, cravou lugar nas rádios e no imaginário jovem da virada do milênio. Foi essa faixa que abriu a porta do disco para o público — e mais que isso, foi o gatilho para o ressurgimento da banda em grande escala. Cinco indicações ao VMB e uma alta rotação na MTV confirmaram: o Capital Inicial estava vivo. E não era um revival.

 

 

Atrás dos Olhos ainda trouxe “1999” e “Eu Vou Estar”, faixas que reforçaram o novo fôlego do grupo, alinhando guitarras limpas, letras introspectivas e refrões fortes — não mais como o grito de Brasília da geração pós-punk, mas como a resposta madura de quem sobreviveu aos anos 90.

 

Esse disco, muitas vezes esquecido nas listas formais, foi justamente o que abriu caminho para o Acústico MTV, lançado em 2000. Aquele sim seria o divisor de águas definitivo, responsável por consolidar o Capital Inicial como um nome de peso também nos anos 2000, já fora da bolha oitentista.

 

O curioso é que Atrás dos Olhos não tem pose de disco salvador. Mas foi. Um álbum ponte. O mundo girando de volta pra quem ainda tinha algo a dizer.

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