“Freed From Desire” e o ciclo pop que encontrou o futebol
Italiana Gala Rizzatto se consolidou como uma figura presente na cena eurodance da década de 90.
Por LockDJ
Publicado em 19/06/2025 20:47 • Atualizado 19/06/2025 20:48
Música
Gala Rizzatto representava o arquétipo do pop eletrônico europeu (Foto: Reprodução)

Em 1996, uma artista italiana chamada Gala Rizzatto lançava Freed From Desire, um single de pista com batida pulsante e um refrão que viria a atravessar décadas. A canção fazia parte do álbum Come Into My Life (1997) e teve uma boa repercussão na Europa, onde Gala se consolidava como uma figura presente na cena eurodance da época. Mas o impacto era regional, limitado ao espaço sonoro de clubes e rádios.

 

Naquele cenário dos anos 90, o que Gala representava era o arquétipo do pop eletrônico europeu: produções acessíveis, refrões repetitivos e um visual marcante. A artista se tornou reconhecida principalmente pelo estilo direto e pela presença vocal distinta. Ainda assim, a curva de visibilidade da sua carreira seguiu um padrão comum a tantos nomes do gênero — ascensão rápida, presença midiática localizada, e depois, um progressivo afastamento dos holofotes.

 

Mas a música tem seus próprios caminhos. Duas décadas depois, Freed From Desire foi resgatada, não por DJs nostálgicos, mas pelo público do futebol. O refrão — aquele “na-na-na-na” que antes preenchia pistas de dança — agora ecoava em estádios, transmissões esportivas e vídeos virais. A trilha sonora da Copa do Mundo de Clubes incorporou a faixa como tema oficial, e a música passou a embalar entradas de times, intervalos e comemorações.

 

 

Essa apropriação esportiva não foi planejada pela artista. Ela se deu a partir do uso espontâneo da canção por torcidas e campanhas midiáticas. Aos poucos, a repetição coletiva da melodia deu um novo fôlego à faixa e consolidou sua presença em contextos totalmente diferentes de sua origem. A reinserção no circuito popular mostra como certas estruturas musicais — simples, cantáveis, energéticas — resistem ao tempo e encontram novas formas de uso.

 

A trajetória de Freed From Desire revela mais do que uma virada de sorte para uma artista dos anos 90. Ela ilustra o processo em que uma obra cultural muda de função ao longo do tempo. O que era dança virou hino. O que era hit virou ritual. E Gala, mesmo fora do centro da indústria, se viu novamente no jogo — desta vez, jogando com a multidão.

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