Na década de 1990, Paulinho Moska já havia deixado para trás os tempos de banda (ele integrou o grupo Inimigos do Rei) e se firmava como um artista solo, autor de canções introspectivas e existenciais. Foi nesse contexto que nasceu “A Seta e o Alvo”, uma das músicas mais emblemáticas de sua carreira.
A canção surgiu em parceria com o poeta e compositor Nilo Romero. A letra metafórica e ao mesmo tempo visceral fala sobre a dualidade entre o desejo e o risco, o movimento e a exposição. A seta representa a intenção, o impulso, a coragem de se lançar — enquanto o alvo é a vulnerabilidade, o lugar onde se pode ser atingido. A tensão entre os dois elementos é também a essência do amor, do encontro e da entrega.
Moska já disse em entrevistas que compôs a canção em um momento de transição pessoal e artística. Queria falar sobre amar com coragem, com a consciência de que estar vivo é se colocar em risco. A faixa ganhou ainda mais alcance ao ser incluída na trilha sonora da novela Zazá (1997), da TV Globo, o que levou a letra poética e provocadora a milhões de brasileiros.
Mais do que uma história de amor, A Seta e o Alvo se tornou uma espécie de manifesto existencial. Em shows, Moska costuma explicá-la com frases que misturam filosofia e poesia: “A vida é isso — atirar a si mesmo como uma flecha, com precisão, sabendo que seremos alvo também.”
Hoje, quase 30 anos depois de seu lançamento, a música continua sendo uma das mais pedidas em suas apresentações e ainda ecoa em quem já se lançou — ou foi atingido — por alguma seta do destino.