Carlota Joaquina volta aos cinemas após 30 anos com cópia restaurada
Lançado originalmente em 1995, o filme dirigido por Carla Camurati marcou a retomada do cinema nacional nos anos 1990.
Por LockDJ
Publicado em 24/06/2025 09:59 • Atualizado 24/06/2025 10:03
Entretenimento
Cena de Carlota Joaquina, clássico do cinema nacional, com Marieta Severo e Marco Nanini (Foto: Divulgação)

Três décadas depois de sua estreia, Carlota Joaquina, Princesa do Brazil retorna às salas de cinema em versão remasterizada. Lançado originalmente em 1995, o filme dirigido por Carla Camurati marcou a retomada do cinema nacional nos anos 1990 e volta ao circuito como uma provocação ainda atual sobre o passado — e o presente — do Brasil.

 

Com estreia confirmada para 14 de agosto, a reexibição em cópia digital restaurada será acessível e chegará a salas em dez capitais brasileiras. A ação celebra os 30 anos da obra, com patrocínio da Petrobras e previsão de atrair novas gerações ao debate proposto pelo filme.

 

Retrato satírico da fundação do Brasil

 

Dirigido, roteirizado e estrelado por Carla Camurati — em parceria com Melanie Dimantas no roteiro — o longa investe em uma narrativa ácida e bem-humorada para revisitar os bastidores da formação do Brasil. Com estética ousada, edição dinâmica e tom escancaradamente satírico, o filme propõe uma releitura crítica dos símbolos fundadores da monarquia luso-brasileira.

 

A trama parte da infância da princesa espanhola Carlota Joaquina, prometida a Dom João de Portugal ainda aos dez anos. Educada nas regras da nobreza europeia, Carlota chega a Lisboa sonhando com o luxo da corte — mas se depara com um marido introspectivo, apaixonado por flores e música sacra, e com uma política conduzida entre acordos improvisados e autoritarismo.

O longa atravessa marcos históricos como a fuga da corte portuguesa para o Brasil, a decadência da rainha D. Maria I e os reflexos da Revolução Francesa. Entre o exagero cômico e o rigor histórico, o filme constrói um retrato desconfortável — mas necessário — da elite que moldou os primeiros passos da nação brasileira.

 

Atual como nunca

 

Para Carla Camurati, a nova exibição é mais do que um tributo: é uma revalorização do cinema como ferramenta de memória coletiva. “Revendo o filme hoje, percebo que ele continua pulsando com uma força surpreendente”, afirma a diretora. “A crítica e o tom satírico talvez sejam ainda mais compreendidos pelas novas gerações. Vai ser lindo ver jovens, professores e famílias descobrindo — ou redescobrindo — essa história na tela grande.”

 

Elenco e legado

 

Marieta Severo dá vida à protagonista Carlota Joaquina, com Ludmila Dayer interpretando sua versão jovem. Marco Nanini é Dom João, Vera Holtz encarna Maria Luísa de Parma, e Marcos Palmeira assume o papel de Dom Pedro I. O elenco contribui para a densidade da narrativa, que, apesar do humor, nunca perde a seriedade de sua crítica social.

 

Lançado em meio à euforia do processo de redemocratização e ao ressurgimento da produção audiovisual nacional, Carlota Joaquina foi um sucesso de bilheteria e referência simbólica da nova fase do cinema brasileiro. Trinta anos depois, a obra se reafirma como um espelho da sociedade, capaz de entreter, incomodar e provocar reflexão.

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