Guilherme Arantes completa 72 anos nesta segunda-feira, 28 de julho, com uma trajetória que o posiciona como um dos nomes mais prolíficos e versáteis da música brasileira. Pianista, compositor e cantor, sua obra se estende por mais de cinco décadas, dialogando com diferentes linguagens musicais e gerações de artistas e ouvintes.
Sua formação como pianista o levou a integrar o seleto hall da Steinway & Sons, tradicional fabricante de pianos com sede em Nova York e Hamburgo. Ao lado de nomes como Guiomar Novaes, George Gershwin e Duke Ellington, Arantes figura como um dos poucos brasileiros reconhecidos pela marca, em uma distinção que reafirma seu domínio técnico e relevância musical.
A carreira começou nos anos 1970 com a banda de rock progressivo Moto Perpétuo, mas foi como artista solo que ele conquistou projeção nacional. A primeira grande exposição veio em 1975, com “Meu Mundo e Nada Mais”, trilha da novela Anjo Mau, da TV Globo. O sucesso abriu caminho para uma sequência de composições que marcariam a memória afetiva de diferentes gerações, tanto em sua própria voz quanto nas interpretações de nomes como Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa, Roberto Carlos e MPB4.
Nos anos 1980, Arantes consolidou sua posição como hitmaker. Chegou a liderar a arrecadação de direitos autorais no país e colocou 12 músicas no topo das paradas. Nesse período, lançou temas que se tornaram recorrentes em trilhas de novelas, como “Um Dia, Um Adeus”, “Cheia de Charme”, “Planeta Água”, “Pedacinhos” e “Fio da Navalha”. Em paralelo, influenciou a introdução do estilo new wave no Brasil com a música “Perdidos na Selva”, de 1981, considerada a primeira do gênero no país.
A transversalidade de sua obra se reflete na recepção de seu trabalho por artistas das mais diversas vertentes, do rap de Mano Brown à MPB contemporânea de Céu, Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci. Ao longo da carreira, Arantes manteve presença constante nas trilhas sonoras de novelas — com 27 canções incluídas — e nos palcos, além de participar de festivais e projetos especiais, como o Festival MPB-Shell, com a música “Planeta Água”.
Nos anos 2000 e 2010, seguiu produzindo álbuns com abordagem autoral. O disco Condição Humana (2013) foi premiado como melhor do ano pelo Prêmio Multishow e, em 2019, foi eleito o álbum da década pelo público do site da Red Bull Brasil. Seu nome também figura entre os 100 maiores artistas da música brasileira, segundo a revista Rolling Stone, que destacou sua estreia solo e o incluiu em três dos momentos considerados históricos da música nacional.
A obra de Guilherme Arantes escapa de rótulos únicos e percorre o rock progressivo, a canção popular, a balada romântica, a música infantil, a crítica social e o comentário existencial. Sua assinatura se tornou familiar nas rádios, nas novelas e nas lembranças afetivas de gerações. Ao completar 72 anos, ele reafirma sua permanência como um artista fundamental para compreender a paisagem musical do Brasil dos anos 1970 aos dias atuais.