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Soprando no vento e nos palcos: a travessia de uma canção sem resposta
Peter, Paul and Mary lançaram sua versão de Blowin’ in the Wind há exatos 62 anos.
Por LockDJ
Publicado em 29/07/2025 06:00
Música
Versão do trio ajudou a popularizar a canção, que circulava em nichos restritos da cena folk (Foto: Divulgação)

Em 29 de julho de 1963, há exato 62 anos, Peter, Paul and Mary lançaram sua versão de Blowin’ in the Wind, composta originalmente por Bob Dylan. A canção, marcada por suas perguntas retóricas sobre guerra, liberdade e justiça, ganhou ainda mais projeção com a gravação do trio, tornando-se um marco do movimento folk e das manifestações pacifistas dos anos 1960. A voz uníssona dos três intérpretes, acompanhada por violões suaves, ampliou o alcance da composição e a inseriu no repertório de protesto de uma juventude em ebulição política e cultural.

 

Peter Yarrow, Paul Stookey e Mary Travers formaram o grupo em 1961, em Nova York, durante o renascimento da música folk norte-americana. O trio se destacou pela habilidade de traduzir sentimentos coletivos em arranjos simples e diretos, frequentemente pautados por mensagens sociais. Em pouco tempo, tornaram-se figuras centrais nas marchas por direitos civis, incluindo a histórica Marcha sobre Washington, em 1963, quando interpretaram Blowin’ in the Wind para uma multidão ao lado de Martin Luther King Jr.

A versão do trio ajudou a popularizar a canção, que até então circulava em nichos restritos da cena folk. Mais acessível que a gravação original de Dylan, a interpretação de Peter, Paul and Mary rompeu as barreiras do gênero e atingiu as paradas de sucesso, tornando-se uma espécie de hino informal contra a desigualdade racial e os conflitos armados. O contraste entre a leveza melódica e a contundência das perguntas feitas pela letra criava uma tensão que ressoava no espírito da época.

 

Décadas depois, Blowin’ in the Wind continua presente em eventos, filmes e discursos, reaparecendo em produções como Forrest Gump, entoada em cena por Robin Wright Penn. A permanência da canção no imaginário cultural está ligada, em grande parte, à versão feita por Peter, Paul and Mary, que souberam capturar o silêncio das grandes questões sem resposta. Entre harmonias suaves e versos inquietantes, a música atravessou gerações, sem jamais fixar uma resposta definitiva — apenas o vento.

 

No entanto, é preciso destacar a importância de Bob Dylan não apenas como autor de Blowin’ in the Wind, mas como figura central na transformação da canção popular em instrumento de questionamento social. Sua composição, lançada em 1962, alçou a música a um novo patamar, em que a melodia se alia à palavra para confrontar as contradições da guerra, da liberdade e da injustiça.

 

Dylan não oferece respostas, mas planta dúvidas, e esse gesto — aparentemente simples — ressoou por gerações, consolidando sua posição como uma das vozes mais influentes da música do século XX.

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