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A ironia pop e o caos dançante da banda Cansei de Ser Sexy após 20 estações
Banda paulistana redefiniu os limites entre indie rock, eletropop e performance irônica.
Por LockDJ
Publicado em 30/07/2025 19:56 • Atualizado 30/07/2025 19:56
Música
CSS misturou deboche, feminismo e cultura pop global (Foto: Divulgação)

Em 2005, o Brasil atravessava uma de suas mais inquietas fases culturais no underground — e foi desse cenário que emergiu Cansei de Ser Sexy, o disco de estreia homônimo da banda paulistana que redefiniu os limites entre indie rock, eletropop e performance irônica. Lançado inicialmente pela gravadora Trama e posteriormente relançado internacionalmente pela Sub Pop, o álbum capturou um zeitgeist precoce de internet, excesso de referências e colagens estéticas, tudo embalado por batidas sujas, guitarras pontiagudas e letras que misturavam deboche, feminismo e cultura pop global.

 

Entre faixas como “Meeting Paris Hilton” e “Superafim”, o destaque inevitável é “Alala”. Com seu riff de guitarra repetitivo, vocais semi-falados e uma batida que pulsa como pista de dança suada, a música virou símbolo máximo do estilo da banda: descompromissado, ousado e com o dom de provocar tanto riso quanto catarse.

 

“Alala” ultrapassou fronteiras, sendo tocada em clubes alternativos da Europa ao Japão, e ressoando como um grito de guerra eletro-punk para uma geração que se via entre o MySpace e os fones de ouvido no transporte público.

 

O CSS nunca teve medo do exagero ou da paródia — e talvez por isso tenha sido levado tão a sério. Suas integrantes (com destaque para Lovefoxxx E seu figurino de lycra e energia crua) criaram uma estética visual e sonora que antecipou tendências da década seguinte, do pop eletrônico de PC Music ao revival das divas kitsch. O primeiro disco ainda soa como um ataque frontal às convenções do rock nacional da época, invertendo expectativas com refrões em inglês e uma atitude globalista antes de isso se tornar um clichê.

 

Duas décadas depois, Cansei de Ser Sexy permanece como um documento raro de liberdade criativa, humor e força feminina dentro da música brasileira. Em tempos de algoritmos e curadoria pasteurizada, revisitá-lo é lembrar que o caos também pode ser revolucionário — e que às vezes tudo o que a gente precisa é gritar “Alala” e dançar.

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