Quando Kenny Loggins lançou “Footloose” em 1984, não era só um riff de guitarra entrando na cabeça — era o som de uma década que dançava entre o puritanismo e o desejo de libertação. A faixa, feita sob medida para o filme homônimo, virou hino instantâneo da juventude que queria escapar da rigidez moral da cidade fictícia de Bomont. O pé batia no chão, não só pela batida, mas porque havia muito a ser dito com o corpo quando as palavras eram proibidas.
️Footloose, o filme, é mais que um musical adolescente. É um manifesto rítmico contra a censura do corpo e a moralidade institucionalizada. Enquanto Ren McCormack (Kevin Bacon) desafia leis arcaicas que proíbem a dança, a trilha de Loggins entrega uma urgência elétrica, quase espiritual, de romper com o imobilismo. A música não acompanha o movimento — ela o provoca. Cada acorde é um convite para desafiar as grades invisíveis da tradição.
Culturalmente, “Footloose” fincou os pés no pop americano como um símbolo de resistência juvenil com pegada mainstream. Tocava no rádio, nos ginásios de escola e nas vozes abafadas dos que cresciam nos subúrbios sob os olhos dos pastores. A guitarra cortante, os sintetizadores discretos e o refrão catártico transformaram a música em mais que trilha: virou rito. E dançar, naquele tempo, era mais do que diversão — era desacato.
O filme está disponível para assinantes do Telecine e Mercado Play.