Em 1995, quando o grunge já começava a se esfarelar sob o peso das tragédias e o pop ensaiava um salto plástico para o novo milênio, Alanis Morissette lançou um disco que não pediu licença — arrombou a porta. Jagged Little Pill foi o terceiro álbum de uma cantora canadense em busca de reinvenção e uma explosão de raiva, vulnerabilidade e confissão escancarada.
Álbum foi um diário ácido e pulsante que transformou Alanis em voz e fúria de uma juventude cansada de papéis pré-fabricados.
Produzido por Glen Ballard, o disco soava como um soco melódico em slow motion: distorções sutis, guitarras sinceras, letras que sangravam culpa, tesão e ressentimento em camadas. Hits como "Ironic", “You Oughta Know”, “Head Over Feet”, “Hand in My Pocket” e “You Learn” cravaram a alma dos anos 90 em rádios, fones de ouvido e corações mal resolvidos — com versos que misturavam existencialismo suburbano e uma urgência lírica que não pedia perdão.
Três décadas depois, Jagged Little Pill ainda é remédio e veneno, cura e recaída. Um relicário alternativo de dor feminina, amadurecimento espiritual e libertação catártica. Muito além dos charts ou dos Grammy, o disco permanece como trilha sonora de quem um dia precisou gritar no escuro só para lembrar que ainda estava vivo. Alanis não apenas cantou — ela vomitou verdades. E todos engoliram. Com gosto.