Se guitarras pudessem chorar, Layla seria uma tempestade. Nos bastidores do rock mais lendário dos anos 60 e 70, uma história atravessava não só palcos, mas corações: dois dos maiores guitarristas do século XX — Eric Clapton e George Harrison — duelaram, silenciosamente, por uma mulher. Não por vaidade, mas por amor. E o detalhe mais amargo? Ela já era casada com um deles.
Pattie Boyd não foi apenas uma musa — ela foi o centro de uma das histórias mais insuetas do rock britânico. Modelo, fotógrafa e inspiração de hits como Something (Beatles) e Layla (Clapton), Pattie era, desde 1966, esposa de George Harrison. Mas quando Eric Clapton a conheceu, nos círculos íntimos da realeza do rock, foi como se uma faixa invisível tivesse sido cruzada.

Pattie Boyd e George Harrison em 1966 (Foto: Fox Photos / Getty Images)
Clapton, com sua alma blues e espírito atormentado, se apaixonou perdidamente. E o que fez? Compôs. Sofreu. Bebeu. Implorou. Layla and Other Assorted Love Songs (1970) é praticamente uma carta aberta, em alto volume, a Pattie Boyd. Um disco inteiro de confissão, de amor não correspondido — pelo menos até então.
Mas o remorso veio. Décadas depois, Clapton admitiria que esse é um dos grandes arrependimentos de sua vida: ter se envolvido com a esposa de um dos seus maiores amigos. Em uma entrevista à revista Esquire, em 2014, ele cita Bob Dylan para explicar sua angústia:
“Don’t go confusing paradise with that home across the street” (Não confunda o paraíso com aquela casa do outro lado da rua).
Em 1977, George e Pattie se separaram. Clapton, insistente, conseguiu o que queria: casou-se com ela dois anos depois. Mas o final também não foi feliz. O relacionamento, intenso e tumultuado, terminou em 1989.

Eric Clapton e Pattie Boyd se casaram em 1979 (Foto: Graham Wiltshire / Redferns)
Mais do que um triângulo amoroso, esse episódio é um retrato nu e cru de como até os deuses do rock tropeçam nos labirintos do coração. Clapton e Harrison seguiram amigos — tanto quanto possível. E Pattie Boyd? Seguiu como lenda viva, inspiração eterna e lembrança de que as músicas mais bonitas, às vezes, nascem das escolhas mais dolorosas.
Redação / Rolling Stones