✨ Lançada em 1998 como um sussurro melódico entre ruínas e reconstruções, Malibu é o momento em que o Hole, liderado por uma Courtney Love mais contemplativa do que raivosa, troca os gritos de Live Through This por um pop alternativo encharcado de sol californiano e cicatrizes abertas.
A faixa, coescrita com Billy Corgan, ecoa as contradições da própria Love: musa e monstro, vulnerável e indomável. Malibu é o luto transformado em groove, é a praia onde o grunge veio morrer — e renascer.
♀️ No fim dos anos 90, o rock alternativo estava em transição. O Nirvana era passado trágico, o punk revival já havia estourado suas bolhas e o mainstream abria espaço para baladas de sobrevivência emocional. Foi nesse clima que Celebrity Skin, álbum ao qual Malibu pertence, se revelou como uma elegia solar à autodestruição. Ao invés de se afogar, Courtney flutua — cantando sobre reabilitação, fama, reconstrução e corpos femininos em constante julgamento. A canção é leve na forma, mas pesadíssima no subtexto.
Ainda hoje, Malibu reverbera como um retrato híbrido do fim de uma década saturada e da mulher que sobreviveu à tempestade. Entre guitarras filtradas por névoa e vocais limítrofes transitando pelo pop e a implosão, o Hole oferece uma trilha para a ressaca dos anos 90. É música para dançar descalço entre os destroços, com o mar batendo nas pernas e o céu inteiro desabando acima. Porque às vezes, para seguir vivo, é preciso cantar bonito mesmo quando tudo ainda dói.