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Abayomi: a dança como ponte entre o corpo e a ancestralidade
Espetáculo, com foco em corporeidades brasileiras através da dança contemporânea, é estrelado pelas artistas Rebeca Carneiro e Andressa Brandão.
Por LockDJ
Publicado em 04/08/2025 21:01 • Atualizado 04/08/2025 21:01
Cultura
Rebeca Carneiro e Andressa Brandão protagonizam o espetáculo "Abayomi" (Foto: Divulgação)

Em “Abayomi – a resposta está na ancestralidade”, o palco deixa de ser apenas um lugar de performance para se tornar território sagrado. Ali, entre gestos coreografados e silêncios ritmados, os corpos de Rebeca Carneiro e Andressa Brandão não apenas dançam: evocam, reconectam, denunciam e celebram. O espetáculo, que circula em 2025 por dez estados brasileiros como parte da programação do Sesc Amazônia das Artes, carrega nas entrelinhas o peso e a potência das identidades afro-brasileiras e originárias — e nos convida a uma experiência sensorial que ultrapassa o estético.

 

Com 40 minutos de duração, a obra construída pela Cia Odu Artes Cênicas é um mergulho coreográfico na espiritualidade dos encantados Ita e Jurema, figuras cultuadas nos ritos de matriz africana no Maranhão. Mas Abayomi não se contenta em ilustrar religiosidade: ela pulsa como manifestação viva de resistência cultural, somando a linguagem da dança contemporânea às expressões tradicionais do Sotaque da Baixada do Bumba Meu Boi. O que emerge é um corpo múltiplo e ancestral, que carrega tanto a leveza do gesto quanto a memória do sofrimento — e é nesse contraste que a força da obra se revela.

 

Ao assumir uma estética afrocentrada e decolonial, Abayomi desloca o olhar eurocêntrico e propõe uma nova forma de pensar a cena: não como representação, mas como reexistência. Rebeca e Andressa, com trajetórias que transitam entre teatro, dança, psicologia e cinema, oferecem não apenas domínio técnico, mas uma entrega visceral que atravessa o espectador.

 

Em tempos de apagamentos simbólicos e culturais, Abayomi é urgente — não como denúncia desesperada, mas como afirmação altiva de um Brasil profundo, vivo, espiritual e coletivo. Um espetáculo que não apenas se assiste: se sente, se ouve com o corpo, se guarda na memória como um canto ancestral.


Abayomi – a resposta está na ancestralidade
️Turnê nacional | agosto a outubro de 2025
Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Saiba mais: @ciaodubrasil

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