Eles nasceram no mesmo dia, foram adotados por famílias diferentes e cresceram sem saber da existência um do outro. Robert “Bobby” Shafran, Eddy Galland e David Kellman eram trigêmeos idênticos separados ainda bebês e entregues à adoção, sem que nenhuma das famílias soubesse do parentesco entre eles.
Foi só aos 19 anos que o improvável encontro começou a acontecer — primeiro entre Bobby e Eddy, depois com David — revelando uma das histórias mais impressionantes e sombrias da psicologia moderna.
A reunião dos irmãos se deu por acaso, quando Bobby chegou para seu primeiro dia no Sullivan Community College, em Nova York, e foi confundido com outro aluno: Eddy. A semelhança era tanta que um amigo de Eddy perguntou imediatamente a Bobby se ele era adotado e qual sua data de nascimento. Estava diante de um irmão perdido. A notícia dos gêmeos reencontrados logo ganhou manchetes e chegou aos olhos de David, que também se reconheceu nas imagens dos jornais. Ao entrar em contato com os outros dois, veio a revelação: eram três. E idênticos. O reencontro foi imediato, e a conexão entre eles — de trejeitos a preferências — parecia inquebrável.
Mas a parte mais perturbadora da história viria depois: a separação dos trigêmeos havia sido proposital. Eles foram parte de um experimento psicológico conduzido pela agência de adoção em parceria com um centro de estudos, que queria analisar o impacto da criação em diferentes tipos de ambiente familiar.
Nenhuma das famílias foi informada, tampouco os próprios irmãos. A história, que começou como uma improvável aventura de reencontro e empatia genética, termina como denúncia de manipulação humana com consequências irreparáveis. Tudo isso é contado no documentário Três Estranhos Idênticos, de Tim Wardle, disponível na Netflix — um dos relatos mais inquietantes sobre ética, ciência e identidade do século XX.