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59 anos de Revolver, a virada sônica dos Beatles
LP cravou sua identidade psicodélica, espiritual, surreal e existencial — rompendo de vez com o pop inofensivo dos primórdios.
Por LockDJ
Publicado em 07/08/2025 12:52 • Atualizado 07/08/2025 12:56
Música
Revolver segue girando como um manifesto atemporal (Foto: Divulgação)

Em 5 de agosto de 1966, o mundo do rock jamais seria o mesmo. Era lançado Revolver, o sétimo álbum dos Beatles, um disco que marcava o fim das apresentações ao vivo da banda e o início de uma era revolucionária nos estúdios de gravação. Ao lado do single duplo “Eleanor Rigby” / “Yellow Submarine”, o LP cravou sua identidade psicodélica, espiritual, surreal e existencial — rompendo de vez com o pop inofensivo dos primórdios. Quase seis décadas depois, a obra continua provocando ouvidos e mentes.

Se Rubber Soul foi o prenúncio da maturidade criativa, Revolver é sua explosão definitiva: a faixa “Tomorrow Never Knows” soa como um delírio futurista com loops de fita e letra inspirada no Livro Tibetano dos Mortos.

“Eleanor Rigby” mistura cordas barrocas e uma história de solidão quase literária; “I'm Only Sleeping” brinca com o tempo e o inconsciente. Os Beatles, guiados pela ousadia de George Martin, abandonam os palcos e se reinventam como arquitetos sonoros, dando à música pop uma ambição estética inédita.

 

No meio da complexidade sonora e lírica de Revolver, “Yellow Submarine” surge como um respiro lúdico — mas não menos simbólico. Com Ringo Starr nos vocais e arranjos que misturam efeitos sonoros náuticos, corais infantis e uma atmosfera de fábula psicodélica, a canção encapsula o espírito coletivo e escapista da juventude dos anos 60. Embora muitas vezes vista como uma faixa “infantil”, ela funciona como metáfora pacifista e utópica: um refúgio submarino onde todos vivem em harmonia, longe das guerras e dos ruídos da superfície.

 

“We all live in a yellow submarine” é mais do que um refrão pegajoso — é um convite à imaginação, ao absurdo necessário, ao surrealismo pop que moldaria boa parte da estética psicodélica dali em diante. Lançada como single ao lado de “Eleanor Rigby”, a faixa ajudou a expandir o alcance dos Beatles, provando que eles podiam trafegar entre o existencial e o fantasioso com a mesma maestria. Um delírio pop em technicolor que virou filme, brinquedo, e hino lisérgico em festas infantis e festivais alternativos ao redor do mundo.

 

É difícil ouvir Revolver e não sentir que ali nasceu algo além de um disco: um tratado experimental sobre as possibilidades da canção, a antecipação do que viria com o Sgt. Pepper’s, e, de certa forma, o nascimento da contracultura sonora que moldaria o final dos anos 60.

 

Aos 59 anos, Revolver segue girando como um manifesto atemporal — onde o rock psicodélico, a melancolia e a genialidade dos Fab Four continuam em perfeito estado de combustão.

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