Lançada em 1985, Love Is Reason ocupa um espaço peculiar na trajetória do A-ha — uma faixa que respira o synthpop em sua forma mais cristalina, mas que, ao contrário de Take On Me ou The Sun Always Shines on T.V., habita um canto menos iluminado do mainstream. Integrante do álbum Hunting High and Low, ela carrega a estética sonora da década, com teclados cintilantes e um romantismo melódico que traduz a atmosfera melancólica e sedutora da Noruega exportada para as pistas globais.
A canção captura o espírito de um tempo em que a música eletrônica europeia consolidava um discurso próprio, afastando-se da urgência do pós-punk e assumindo uma identidade mais onírica. Love Is Reason é quase um fragmento de diário em forma de música: breve, límpida e envolta em um arranjo que parece suspenso no ar. É o A-ha pré-mito, ainda explorando territórios, mas já delineando o que se tornaria sua assinatura — uma mistura calculada de sofisticação pop e fragilidade emocional.
Ouvir Love Is Reason hoje é revisitar o momento em que o trio formado por Morten Harket, Magne Furuholmen e Pål Waaktaar ainda esculpia seu lugar na história da música. É também um lembrete de que nem todo brilho se dá sob o holofote: algumas joias nascem para permanecer como descobertas íntimas, encontradas por quem se dispõe a percorrer a discografia com atenção e entrega.