Em janeiro de 1998, os norte-americanos Tom e Eileen Lonergan participaram de um passeio de mergulho na Grande Barreira de Corais, na costa da Austrália. O casal, experiente em mergulho, embarcou com outros 24 turistas no barco da empresa Outer Edge Dive, com destino ao recife de St. Crispin, área conhecida pela presença de tubarões.
Após cerca de 40 minutos submersos, Tom e Eileen voltaram à superfície e perceberam que estavam sozinhos no mar aberto. A embarcação havia deixado o local sem notar sua ausência. Nos dias seguintes, não houve buscas imediatas, e somente em 27 de janeiro, dois dias depois, foram encontrados pertences e documentos do casal no barco.
As operações de resgate mobilizaram mar, ar e terra, mas não localizaram os dois. No mês seguinte, roupas e equipamentos de mergulho foram encontrados em diferentes pontos da costa, com sinais de desgaste pelo contato com o oceano. Entre eles, havia uma mensagem de socorro escrita em um dispositivo subaquático.
As investigações descartaram hipóteses de suicídio ou fuga planejada. A versão mais aceita indica que o casal teria ficado à deriva por dias, até sucumbir à desidratação, ao cansaço ou a ataques de tubarões. O capitão Geoffrey Ian “Jack” Nairn foi inicialmente acusado de homicídio culposo, mas absolvido. A empresa de mergulho foi condenada por negligência e faliu. Os corpos nunca foram encontrados.
A história inspirou o filme Mar Aberto (Open Water, 2003), de Chris Kentis, disponível na Prime Vídeo, estrelado por Daniel Travis e Blanchard Ryan. Com orçamento reduzido e filmado em locações reais, o longa recria a experiência de dois mergulhadores abandonados no oceano, explorando o isolamento físico, a tensão psicológica e a luta por sobrevivência em um ambiente onde o tempo, a fome e a presença de tubarões se tornam ameaças simultâneas.
Ao transformar o caso real em narrativa cinematográfica, a obra evidencia a fragilidade humana diante do mar e questiona os limites da preparação e da segurança em atividades turísticas de risco.