Lançado em 1998, há 27 anos da Alemanha, Corra, Lola, Corra (Lola rennt), de Tom Tykwer, é daqueles filmes que atravessam o tempo como uma cápsula estética dos anos 1990, um verdadeiro manifesto visual e sonoro da era pós-MTV.

Protagonizado por Franka Potente, no papel da veloz Lola de cabelos vermelho-fogo, o longa rompeu com o padrão narrativo tradicional e apresentou ao mundo um suspense eletrizante, que mais parece um videoclipe estendido, mas com densidade filosófica e existencial.

A trama é simples na superfície: Lola tem 20 minutos para salvar o namorado Manni, que perdeu uma quantia de dinheiro ligada ao crime. Mas o que poderia ser apenas mais um thriller urbano se transforma em uma experiência estética radical. A narrativa se repete três vezes, em variações mínimas que alteram por completo os desfechos, refletindo sobre destino, acaso e a fragilidade das escolhas.

O que torna o filme peculiar é a sua linguagem híbrida: cortes rápidos que lembram videoclipes, uso de grafismos e animação misturados ao live action, inserções que expandem o tempo narrativo e uma montagem que pulsa no ritmo da trilha techno, composta pelo próprio Tykwer em parceria com Johnny Klimek e Reinhold Heil. O som eletrônico, repetitivo e hipnótico, funciona como motor narrativo, acompanhando a corrida desesperada de Lola pelas ruas de Berlim.

O visual “clubber” de Lola (cabelo vermelho, roupas esportivas, corpo em movimento constante) dialoga diretamente com a juventude dos anos 90, marcada por raves, cultura alternativa e um certo desencanto urbano. Mais que personagem, Lola é um ícone estético que sintetiza a energia crua de uma década inquieta.

Corra, Lola, Corra é, portanto, um retrato da intersecção entre cinema, videoclipe e filosofia pop. Um suspense existencial, adrenalínico e visualmente ousado que ainda hoje soa fresco, reafirmando sua posição como um dos cults definitivos dos anos 1990.

Disponível para aluguel na Amazon Prime Video por R$ 6,90.