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Há 33 anos, Ramones lançava Mondo Bizarro, o estranho familiar do punk
Álbum surge como um gesto de insistência, uma recusa em abandonar a própria linguagem.
Por LockDJ
Publicado em 01/09/2025 06:00
Música
"Mondo Bizarro" foi lançado há exatos 33 anos (Foto: Divulgação)

Há exatos 33 anos, os Ramones lançavam Mondo Bizarro, disco que, à primeira escuta, parecia apenas mais um capítulo da crônica acelerada da banda, mas que, com o tempo, revelou-se uma obra de transição. Era 1992: o punk clássico já tinha perdido o posto de vanguarda, o grunge tomava as rádios, e a indústria começava a reciclar seus fantasmas. Nesse contexto, o álbum surge como um gesto de insistência, uma recusa em abandonar a própria linguagem.

A entrada de C.J. Ramone, substituindo o lendário Dee Dee, marcou uma mudança inevitável. A juventude do novo baixista trouxe fôlego a um grupo que já carregava nas costas quase duas décadas de estrada, mas também imprimiu uma tensão: como preservar a mitologia Ramones sem sua alma mais errática? A resposta foi paradoxal, pois Mondo Bizarro é, ao mesmo tempo, repetição e reinvenção. Faixas como Poison Heart e Strength to Endure soam como epitáfios e renascimentos, confessando fragilidades enquanto reafirmam a energia visceral.

 

O título “Mundo Bizarro” funciona quase como um espelho do próprio estado do punk naquele início de década: deslocado, sobrevivente, mas ainda barulhento e urgente. Trinta e três anos depois, o álbum não é lembrado como o ápice criativo dos Ramones, mas como um documento de resistência. Um disco que abraça a estranheza e confirma o que a banda sempre foi: uma contradição pulsante entre simplicidade e permanência.

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