Quando os Divinyls lançaram I Touch Myself em 1990, o choque foi imediato. Uma canção pop-rock explícita em sua confissão íntima, mas envolta em uma sonoridade sedutora, que trazia à tona não apenas desejo, mas também autonomia corporal e provocação social. Christina Amphlett transformou a voz em manifesto, mesclando vulnerabilidade e afronta em um refrão que ainda reverbera.
Naquele início dos anos 90, em plena transição cultural e política, a faixa rompeu a barreira do tabu. Mais do que um hit global, ela se converteu em símbolo de liberdade sexual feminina, reapropriando o gesto de prazer como narrativa de poder e autenticidade. O escândalo para uns, a celebração para outros, e é justamente nessa tensão que a música consolidou seu lugar emblemático.
I Touch Myself permanece um artefato pop de resistência, revisitado como provocação erótica e lembrete da urgência de falar sobre corpo, saúde e desejo sem censura. É o tipo de música que não envelhece porque pulsa nas entrelinhas daquilo que continua sendo silenciado.