Neste sábado, 6 de setembro, Dolores O’Riordan completaria 54 anos. Nascida em Limerick, Irlanda, em 1971, a artista marcou a música contemporânea como vocalista e principal compositora do The Cranberries, grupo que se tornou um dos símbolos da cena alternativa dos anos 1990. Sua morte, em 2018, em Londres, interrompeu uma trajetória que se manteve viva na memória coletiva por meio de canções que mesclam política, intimidade e identidade cultural.
Dolores projetou no palco e em estúdio uma voz singular, reconhecível pela técnica mezzo-soprano, pelo canto iodelei e pela manutenção de um sotaque irlandês que não cedeu às pressões de padronização do mercado global. Ao lado de Noel Hogan, Fergal Lawler e Mike Hogan, transformou o The Cranberries em um veículo de expressão que transitava entre baladas melancólicas e hinos de protesto.
Zombie, escrita em 1993 como resposta à violência do conflito norte-irlandês, é talvez o exemplo mais contundente dessa dimensão política, convertendo dor e resistência em melodia.
Mãe de três filhos e ligada à vida familiar tanto quanto à carreira, Dolores viveu entre turnês mundiais e períodos de recolhimento. Sua presença permanece como referência não apenas no rock alternativo, mas na forma como a música pode carregar identidade territorial e memória histórica.
Revisitar sua obra hoje é confrontar um tempo em que canções ainda tinham força para articular comunidade, dor e desejo de transformação.
Confira abaixo uma apresentação da banda no Tiny Desk Concert.