Setembro traz ao Maranhão um dos encontros culturais mais consistentes da Amazônia Legal. De 24 a 29, São Luís recebe a Mostra Sesc Amazônia das Artes 2025, que chega à sua 15ª edição reafirmando o papel de difusora da produção artística da região e de espaço de intercâmbio entre diferentes linguagens.
Com apresentações no Teatro Napoleão Ewerton, na Quadra Sesc Comunidade, em escolas municipais e na Feira do Livro de São Luís, a mostra abre ao público uma programação gratuita que cruza teatro, dança, música, circo, cinema, artes visuais e literatura. Mais que um festival, trata-se de uma rede cultural que conecta os nove estados da Amazônia Legal e, como convidado, o Piauí.
O Maranhão em destaque
Na edição comemorativa, o Maranhão ganha protagonismo com três trabalhos que circulam pelo circuito:
-
“Imaginando a Encantaria”, exposição de Waldeir Brito, que traduz em traços e cores a herança dos encantados e do tambor de mina;
-
“Trançatlânticas”, documentário da produtora Explana Mermã, que coloca em cena trancistas de periferia e suas narrativas de poder e resistência;
-
“Abayomi: A Resposta Está na Ancestralidade”, espetáculo da Odu Companhia de Dança, que articula dança contemporânea e tradições populares em homenagem a entidades femininas das religiões de matriz africana.
Essas obras não apenas representam o Maranhão, mas reafirmam o lugar do estado como polo criativo de imaginários afroindígenas e populares.
A potência da diversidade
Criado em 2008, o projeto se consolidou como uma rede de intercâmbio artístico que resiste a dificuldades históricas, como o chamado “custo amazônico” e a carência de políticas públicas contínuas. Sua curadoria aposta na diversidade e na representatividade, oferecendo ao público obras que transitam entre a tradição e a experimentação.
Na programação de São Luís, o público encontrará desde narrativas indígenas de Roraima até shows de reggae maranhense, passando por espetáculos de dança que refletem a realidade do Pantanal e palhaçarias vindas de Rondônia. A pluralidade é a marca da mostra, que se desenha como um mapa vivo da Amazônia Legal.
Uma celebração de identidades
Mais do que um festival de artes, o Sesc Amazônia das Artes é um ritual de pertencimento. Cada espetáculo — seja uma contação de histórias acreana, uma dança piauiense ou uma banda paraense — reafirma que a Amazônia é múltipla e que sua força criativa pulsa em diferentes territórios.
Ao completar 15 anos, a mostra revela que a cultura amazônica não cabe em fronteiras: ela se espalha, reinventa e se projeta, afirmando-se como uma das expressões mais ricas da arte brasileira contemporânea.