Quase uma década após o fim de Two and a Half Men, Jon Cryer abriu os bastidores da série que redefiniu o humor televisivo dos anos 2000 — e expôs uma diferença salarial que, segundo ele, nunca fez sentido. Em participação no documentário aka Charlie Sheen, o intérprete de Alan Harper contou que recebia apenas um terço do valor pago a Charlie Sheen, mesmo em meio ao colapso pessoal que culminaria na saída do astro após a oitava temporada.
Cryer comparou as negociações salariais do ex-colega ao comportamento de um ditador. “Era como Kim Jong-Il. Agia como louco o tempo todo e, de tanto medo, todo mundo acabava cedendo. Foi isso que aconteceu com o Charlie: enquanto a vida dele desmoronava, as negociações disparavam. Eu, que estava tranquilo naquela época, ganhava só um terço do que ele recebia”, contou.
A disparidade não é novidade. Em 2011, a revista Forbes revelou que Sheen recebia US$ 1,9 milhão por episódio, enquanto Cryer ganhava cerca de US$ 620 mil, segundo o Hollywood Reporter. O contraste se acentuava diante de atrasos, internações e polêmicas que marcaram a reta final da passagem de Sheen pela série, substituído por Ashton Kutcher em 2011. Cryer, por sua vez, ficou até a última temporada, em 2015.
Entre ironia e apreensão
No documentário, Cryer também recorreu ao humor para resumir os oito anos de convivência com Sheen: “Se você se pergunta como é trabalhar com Charlie Sheen por tanto tempo… quando comecei, eu ainda tinha cabelo.”
Apesar da leveza da frase, o ator admitiu ter hesitado em participar da produção, por receio de reforçar o ciclo destrutivo do colega: “A vida do Charlie sempre foi assim: ele comete uma grande besteira, chega ao fundo do poço, depois se recupera e volta a construir coisas boas. Mas, de repente, se queima de novo. Eu não queria fazer parte desse ciclo. Não estou aqui para exaltá-lo nem para destruí-lo. Só espero que isso não acabe mal.”
Sheen, em entrevista recente à People, confirmou que não mantém contato com Cryer desde a demissão, mas não contestou nada do que o ex-colega relatou. “Ele estava no fogo cruzado, com toda aquela porcaria acontecendo. Isso afetava ele, a família, a carreira. Não tenho nada a negar sobre o que ele disse”, declarou.