Neste domingo, 14 de setembro, André Matos completaria 54 anos. Sua morte precoce, em 2019, interrompeu uma das vozes mais potentes e emblemáticas do heavy metal mundial, mas não apagou o impacto que ele deixou na cena musical.
Cantor, pianista, maestro e compositor, André foi mais do que o frontman carismático de bandas históricas como Viper, Angra e Shaman. Ele trouxe sofisticação sinfônica para o metal brasileiro, misturando riffs pesados com arranjos eruditos, criando uma estética singular que projetou o país no mapa do gênero. Álbuns como Angels Cry (1993) e Ritual (2002) consolidaram sua assinatura, sempre marcada pela técnica vocal impecável e pela entrega emocional em cada performance.
Entre suas muitas interpretações, uma das mais lembradas é a de “Wuthering Heights”, clássico de Kate Bush. A canção, de difícil execução pela tessitura vocal aguda e dramática, tornou-se quase um cartão de visitas para André — uma demonstração precoce de seu alcance e sensibilidade, capaz de transitar entre o lirismo e a intensidade do metal sem perder a expressividade.
Aos 47 anos, André partiu, vítima de um infarto, deixando uma legião de fãs órfãos de sua presença. Ainda assim, sua obra permanece viva: cada nota de teclado, cada agudo cristalino e cada sinfonia metalizada continuam ecoando como lembrança de um artista que transformou vulnerabilidade em força e erudição em energia popular.
André Matos não foi apenas um músico; foi um arquiteto sonoro que mostrou ao mundo que o metal brasileiro tinha identidade própria — e eterna.