No dia 15 de setembro de 1890, nasceu em Torquay, na Inglaterra, Agatha Mary Clarissa Miller, mais tarde conhecida mundialmente como Agatha Christie, a escritora que redefiniu o gênero policial e atravessou gerações como um dos nomes mais lidos da literatura.
Autora de mais de 80 romances, contos e peças de teatro, Christie transformou o mistério em espetáculo literário e manteve um diálogo constante com o cinema e a televisão, consolidando-se como uma referência cultural até hoje.
Trajetória e ascensão literária
Filha de uma família de classe média inglesa, Agatha cresceu em ambiente que estimulava a imaginação. Durante a Primeira Guerra Mundial, trabalhou como enfermeira e teve contato direto com substâncias químicas e venenos, conhecimento que mais tarde se tornaria essencial em suas tramas criminais. Sua estreia ocorreu em 1920 com O Misterioso Caso de Styles, que apresentou ao mundo o detetive Hercule Poirot, inspirado em refugiados belgas que a autora conheceu em sua juventude.
Christie construiu uma carreira marcada pela criação de personagens emblemáticos, como o próprio Poirot e a astuta Miss Marple, ambos símbolos de sagacidade e raciocínio lógico. Ao longo das décadas, ela publicou sucessos como Assassinato no Expresso do Oriente (1933), O Assassinato de Roger Ackroyd (1926), considerado um marco pelo uso inovador da narrativa em primeira pessoa, Morte no Nilo (1937), ambientado em sua paixão pelas viagens ao Egito, e O Caso dos Dez Negrinhos (1939) — rebatizado como E Não Sobrou Nenhum —, que permanece como uma das obras mais vendidas da história da literatura.
Adaptações e legado audiovisual
O universo de Christie extrapolou os livros e se tornou parte fundamental da cultura audiovisual. A série Agatha Christie's Poirot (1989–2013), protagonizada por David Suchet, consolidou na televisão a imagem definitiva do detetive belga, com episódios que recriaram de forma minuciosa o ambiente britânico do início do século XX.
O cinema também se apropriou de suas tramas: Assassinato no Expresso do Oriente, filmado em 1974 e refeito em 2017 por Kenneth Branagh, é talvez a adaptação mais emblemática, reunindo elencos estrelados e reafirmando o fascínio popular pela complexidade de seus enredos.
Outras adaptações notáveis incluem Morte sobre o Nilo (1978 e 2022), O Vingador Invisível (1945), baseado em E Não Sobrou Nenhum, além de diversas versões para teatro, sendo A Ratoeira a peça em cartaz há mais tempo no mundo, ininterruptamente desde 1952 em Londres.
Atravessando as décadas
O impacto de Agatha Christie se explica por sua capacidade de adaptar o mistério ao espírito de cada época. Seus livros permanecem relevantes não apenas pela engenhosidade das tramas, mas também por refletirem tensões sociais, costumes e dilemas humanos que continuam a ressoar.
Traduzida para mais de 100 idiomas, Agatha Christie se mantém como a autora mais vendida da história, superada apenas pela Bíblia e por Shakespeare.
Ao celebrar os 135 anos de seu nascimento, é impossível não reconhecer em Agatha Christie uma arquiteta de enigmas que moldou a maneira como pensamos sobre crime, justiça e narrativa. Sua obra ultrapassou fronteiras literárias, atravessou o século XX e segue encontrando novos leitores e espectadores no século XXI. Um testemunho de que o mistério, quando bem contado, é atemporal.