Liam Gallagher completa 53 anos neste domingo, 21 de setembro. Nascido em Burnage, Manchester, ele virou o timbre que atravessou os anos 90: o vocal de ataque do Oasis, postura de rua, microfone alto e olhar de quem canta encarando a plateia. A persona ruidosa sempre fez barulho; a voz, quando acerta, ainda organiza o caos.
Liam e o tempo
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Intérprete como ideia de banda: Noel escreveu a maioria, mas foi Liam quem deu corpo às canções. “Live Forever”, “Supersonic”, “Wonderwall” e “Slide Away” só soam definitivas porque a interpretação vem cravada no limite entre arrogância e fragilidade.
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Britpop além do rótulo: a guerra de capas com o Blur foi episódio; o que ficou foram estádios, Knebworth (1996) e uma estética vocal que virou molde para gerações de guitarras britânicas.
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Persistência pós-Oasis: Beady Eye (2011–2013) manteve a roda girando; a fase solo consolidou catálogo: As You Were (2017), Why Me? Why Not. (2019), o registro ao vivo Knebworth 22 (2022) e C’mon You Know (2022). Em 2024, a parceria Liam Gallagher & John Squire rendeu disco e turnê com guitarras em primeiro plano e melodias que grudem sem pedir licença.
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Presença de palco como assinatura: setlists que misturam clássicos do Oasis e faixas solo funcionam como rito coletivo — menos nostalgia, mais continuidade.
Faixas para hoje (ordem que conta a história)
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Rock ’n’ Roll Star (Oasis) – tese e manifesto.
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Live Forever (Oasis) – o sonho em voz aberta.
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Slide Away (Oasis) – Liam no fio da lâmina.
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Wall of Glass (solo) – retorno com punch.
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Once (solo) – melodia e memória em primeiro plano.
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Mars to Liverpool (com John Squire, 2024) – guitarras em espiral, refrão direto.
O que sustenta a relevância aos 53
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Curadoria do próprio mito: ele não abandona as canções que o público quer, mas injeta material novo o suficiente para manter o set vivo.
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Voz como instrumento rítmico: menos floreio, mais presença; a dicção nasal e o ataque reto seguem identificáveis a um bairro de distância.
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Parcerias certas no tempo certo: produtores e guitarristas que entendem espaço para a voz (da fase solo a John Squire) garantem canções que funcionam ao vivo.
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Narrativa contínua: de Burnage a arenas em 2025, a história não depende de reunião milagrosa, mas, sim, de repertório e entrega.
Fecho
Aos 53, Liam permanece como símbolo de um jeito de cantar rock britânico: econômico, frontal, sem pedir desculpas. Não precisa de adorno, basta um bom refrão, uma banda afiada e um microfone inclinado para a multidão fazer o resto.