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Música da noite: “Meio Fio” à beira do abismo pop
Rita Lee canta entre o asfalto e o delírio urbano, zombando do trânsito emocional.
Por LockDJ
Publicado em 22/09/2025 20:22 • Atualizado 22/09/2025 20:22
Música
“Meio Fio” rabisca o tom de chegada e mantém o equilíbrio na travessia (Foto: Divulgação)

“Meio Fio” soa como bilhete deixado na calçada. É uma Rita flanando na borda da cidade e da própria persona, equilibrando deselegância cool e poesia de esquina. Não há passarela, só concreto quente, buzina, farol amarelo, e ela atravessa tudo de salto, zombando do trânsito emocional.


A canção vira um clamor de quem prefere a margem, onde o vento bagunça o cabelo e a regra é arriscar antes que o tédio engula a noite.

Há guitarras que brilham como vitrine de brechó e um pulso que lembra o coração ligeiro de quem perdeu o último ônibus e decidiu seguir a pé. Rita não pede licença ao cânone, ela recicla ironia, cola glitter no ruído, mistura romance surrado com neon gasto. O “meio-fio” vira metáfora de fronteira, entre o pop e o punk de boutique, entre o amor e o dessabor, entre a rua que morde e a vontade de dançar mesmo assim.

E quando a faixa termina, fica aquela sensação de tênis sujo de cidade grande e sorriso cúmplice de quem aprendeu a sobreviver nos deslocamentos. “Meio Fio” rabisca o tom de chegada e mantém o equilíbrio na travessia. Rita, ourives do desbunde, lapida o banal até ficar precioso, e nos lembra que, às vezes, o melhor palco é a beirada do mundo.

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