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Música da noite: A gaita que corre por dentro com um convite a acelerar
“Run-Around”, do Blues Traveler, é como um atalho emocional na rádio alternativa dos 90s.
Por LockDJ
Publicado em 01/10/2025 18:35 • Atualizado 01/10/2025 18:35
Música
“Run-Around” é a trilha de um bar onde todo mundo conhece a melodia (Foto: Divulgação)

“Run-Around” é a canção que escapa das classificações engomadas. Parece jam-band, soa pop de rádio, respira blues e corre em espiral na gaita de John Popper. Lançada como single de Four (1994), virou um desses acasos perfeitos dos anos 90, com um refrão elástico que você assobia sem querer e um groove que anda com a ponta do pé.


Há um sorriso no balanço, mas o coração vem com hematomas. A letra é o flerte eterno com a resposta que não chega, o amor que dribla, o famoso “me deixa só mais um minuto aqui”.


A arquitetura é simples e matreira: guitarra em acordes claros, baixo saltitante, bateria que puxa sem pressionar, e então a gaita, afiada como arame e leve como vento. Popper toca e canta como quem corre atrás do próprio fôlego, e o solo vira personagem, não ornamento.


É a trilha de um bar onde todo mundo conhece a melodia, mas cada um dança num compasso íntimo. O clipe, com sua piscadela Wizard of Oz, reforça o conto: uma banda de bastidor tocando por quem não vê, até que a cortina cai e o mágico é… música sem truque.

No papel, “Run-Around” foi hit, quase um ano nas paradas e um Grammy no bolso, mas o segredo do apelo é menos estatística e mais sensação tátil. Há algo de estrada noturna e janela aberta, um convite para acelerar sem sair do lugar. Quando o último sopro da gaita some, fica a impressão de que a música continua do lado de fora, virando a esquina. E a gente, claro, corre atrás.

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