Em nova entrevista, George Clooney disse que a Warner Bros. aprovou o orçamento do próximo filme da franquia que teve início com 11 Homens e um Segedo. O desafio, agora, é sincronizar agendas para iniciar as gravações daqui a 9–10 meses (o que empurra a produção para 2026).
Clooney também indicou o retorno do núcleo clássico, com Julia Roberts, Brad Pitt, Matt Damon e Don Cheadle, reacendendo a maquinaria de charme e timing cômico que definiu a série.
Em paralelo, trades e sites de entretenimento resumem o cenário: script “bem encaminhado”, orçamento ok e um esforço para reunir o elenco histórico.
Como chegamos até aqui: uma leitura da trilogia
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“Ocean’s Eleven” (2001) — Soderbergh reinventou o heist como comédia de elegância pop, na qual o plano é espetáculo e o elenco, motor narrativo. Clooney/Pitt/Damon funcionam como relógio suíço e Las Vegas vira personagem. Resultado: humor seco, música cool, corte preciso — um clássico instantâneo.
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“Ocean’s Twelve” (2004) — O filme dobra a aposta no meta-jogo (o episódio Julia-Roberts-é-a-Julia-Roberts) e no jet set europeu. Dividiu o público: mais vaidade e brincadeira de celebridades, menos frisson de golpe.
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“Ocean’s Thirteen” (2007) — Correção de rota. De volta a Vegas, foco no vilão magnata e no prazer do truque. Não atinge o brilho do primeiro, mas recupera o equilíbrio entre glamour e mecânica do roubo.
No meio do caminho, o spin-off “Ocean’s 8” (2018) mostrou que o formato é elástico, mas sem a química perfeita e a mão firme de Soderbergh (aqui como produtor), o resultado foi competente, porém irregular. Estiloso, mas com menos tensão.
Tem fôlego para agradar ou é um caça-níquel?
Os sinais são mistos (e interessantes):
+ Pontos a favor
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Elenco-base reunido: se Clooney confirmar o “Dream Team”, metade do trabalho está feito, pois a franquia vive de sinergia e banter.
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Timing de retorno: quase 20 anos depois, há nostalgia suficiente para um grande evento, mas também distância crítica para brincar com o próprio legado.
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Aprendizados da trilogia: a série sabe que precisa de vilão forte, cidade-personagem e golpe com payoff audiovisual. Quando esses três eixos se alinham, o público embarca.
– Riscos reais
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Fan service vazio: se o filme virar reunião de amigos sem um assalto engenhoso (com viradas de terceiro ato), cai no rótulo de cash-grab.
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Ausências sentidas: Bernie Mac e Carl Reiner foram pilares do tom; substituir sua gravitas e seu tempo cômico não é trivial.
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Mercado saturado de nostalgia: 2020s têm alto índice de continuações tardias; sem ideia-âncora, o brilho de Las Vegas (ou Roma, Tóquio, Dubai…) pode virar postcard.
Veredito provisório: há músculo suficiente para agradar, caso o roteiro entregue um assalto contemporâneo, com tecnologia, fraudes financeiras e segurança de alto nível integradas de modo visualmente claro (o “didatismo cool” que Soderbergh domina). Sem isso, vira verniz elegante sobre vazio.
O que esperar para “Ocean’s 14”
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Assalto temático da atualidade: cripto/fraude de dados, leilões de arte, greenwashing corporativo. Temas com risco reputacional alto rendem motivação dramática e recompensa narrativa.
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Cenário-ícone (ou múltiplos): a franquia funciona melhor quando o espaço dita o truque (cassinos, museus, hotéis ultra-luxo).
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Vilão à altura: um antagonista magnético, maior que a vida, dá norte emocional e amplifica o prazer do “derrubar o gigante”.
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Dinâmica Clooney–Roberts: se confirmada, a reacoplagem romântica-irônica é um ativo de marketing e de ritmo (química + subtexto de maturidade).
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Tom: leve, mas preciso: a graça de “Ocean’s” não é a gravidade, é a precisão. O público quer ver o truque e ainda assim se surpreender.
Calendário e bastidores (por enquanto)
Clooney fala em 9–10 meses para iniciar as filmagens, o que aponta para 2026 como janela de set. O orçamento está aprovado e o quebra-cabeça de agendas é o gargalo. Nomes centrais devem voltar; a Warner ainda não oficializou detalhes publicamente.
Resumo: há projeto, há dinheiro e há vontade. Falta a peça-chave de sempre: um plano perfeito, no script e no set.
Nota de rodapé do universo “Ocean’s”
Enquanto isso, segue em desenvolvimento um prequel europeu ambientado nos anos 1960, com Margot Robbie e Ryan Gosling, que, a princípio, não conflita com o novo longa de Clooney, mas expande o multiverso do assalto elegante.
Se “Ocean’s 14” honrar a regra de ouro, o golpe é rei, a turma é corte e a cidade é palco, a franquia tem fôlego para mais um ato. Se esquecer disso, restará apenas a vitrine de estrelas.