Quando se pensava que arte e cultura pop eram estranhos irreconciliáveis, Picasso surge, como mestre do pincel, e pioneiro de uma estética que invadiu tudo, desde moda, quadrinhos, música, design, até memes e tênis. A lenda espanhola, nascida a 25 de outubro de 1881, mudou para sempre como vemos o mundo e como o mundo nos vê, e continua longe de sair das telas, das galerias ou dos stories.
A reinvenção constante e o legado que virou pop
Picasso não se acomodou a um único estilo. Entre seu Período Azul, Rosa, a fase africana-primitiva e o cubismo, ele desmontou figuras, perspectivas e cores.
O cubismo, frequentemente associado a ele e a Georges Braque, foi um divisor de águas, com superfícies achatadas, planos múltiplos, olhar fragmentado. Essa ousadia técnica, antes confinada aos salões de arte, encontrou reflexos na cultura pop, traduzidas em capas de álbuns, logotipos, propagandas, bonecos, até emojis que remetem ao rosto distorcido de “Les Demoiselles d’Avignon”.
Picasso ainda influenciou diretamente o movimento pop-art. As cores vibrantes, a apropriação de imagens populares e o gesto de desconstruir o objeto estético surgem como ecos do que o pintor espanhol iniciou. Além disso, seu impacto é global e atravessa gerações, do MoMA em Nova York, passando por museus asiáticos que o colocam em diálogo com arte contemporânea de Hong Kong.
Curiosidades que cruzam arte, crime e entretenimento
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Embora mais conhecido por sua pintura, Picasso foi citado como suspeito na investigação do famoso roubo de Mona Lisa ao Louvre, em 1911. O episódio virou filme (disponível na plataforma Looke), documentário e matéria de lenda.
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“Le Mystère Picasso” (1956), do cineasta Henri‑Georges Clouzot, mostra Picasso pintando por trás de um vidro, com as obras sendo filmadas pela parte de trás, e depois destruídas para que só o filme permanecesse como testemunha.
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No mundo pop, a própria escultura gigantesca de Picasso em Chicago (“The Picasso”) se tornou cenário de filmes como Os Irmãos cara de Pau e referência visual em séries.
Por que ainda conversamos com Picasso?
Porque Picasso foi artista antes de tudo, mas se tornou ícone além da arte. Sua obra grita sobre o caos, sobre o corpo desmantelado, sobre o olhar que não se submete. E essa fibra dramática e experimental é a mesma que hoje vemos nas concepções artísticas visuais, na moda que fragmenta o corpo, nos vídeos que desconstroem rostos em live-streams.
Se usarmos uma lente pop, Picasso é aquele artista que virou figurinha de sticker, t-shirt, meme e exposição que misturam realidade e selfie. O que ele construía como “arte séria” agora circula em GIFs, e ainda bate forte.
Para ver e revisitar
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Assista ao documentário “Le Mystère Picasso” para entender o processo criativo do mestre, disponível no Youtube.
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Explore exposições que contextualizam seu legado no século XX e além, como mostra de 2025 em Hong Kong.
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Observe a presença Picasso em objetos do cotidiano, de esculturas públicas a campanhas de moda e produtos de design.
Em suma, Picasso nos lembra que a arte não precisa se esconder em museus, ela pode se reinventar, se popularizar, se fragmentar, e ainda assim continuar fazendo sentido, provocando, influenciando. E, talvez o mais importante, nos convidar a ver o mundo de novo, com outros olhos.