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‘Casa de Dinamite’ provoca debate sobre dissuasão nuclear
Roteiro de Noah Oppenheim aposta na ambiguidade para discutir quem decide o destino do planeta.
Por LockDJ
Publicado em 28/10/2025 06:00
Entretenimento
‘Casa de Dinamite’ estreou como nº1 na Netflix, na última sexta-feira, 24 (Foto: Divulgação)

Lançado na sexta (24), o thriller político “Casa de Dinamite”, de Kathryn Bigelow, estreou direto no topo da Netflix e reacendeu uma velha pergunta: quem deve ter o poder de apertar o botão?

 

ATENÇÃO: a partir de agora, a matéria contém GRANDES SPOILERS.


Com Idris Elba e Rebecca Ferguson à frente do elenco, o filme acompanha, em tempo real, os 18 minutos após a detecção de um míssil balístico rumo aos Estados Unidos, e encerra a narrativa sem entregar as respostas que o espectador espera.

O que o filme mostra — e o que decide não mostrar (SPOILERS)


O longa termina em suspensão. Não vemos se o ICBM realmente detonou sobre Chicago, tampouco fica explícita a retaliação do presidente (Elba). O roteirista Noah Oppenheim já explicou que a opção é deliberada, pois mais importante que o desfecho é a situação-limite. Um líder com minutos para decidir sozinho o destino de milhões, enquanto tenta sobreviver. O dilema dá o tom do último ato e reposiciona a discussão sobre a lógica da dissuasão nuclear.

Como o elenco lê a ambiguidade 


Elba declarou que não quis saber qual seria a decisão final do personagem — para ele, trata-se de uma escolha impossível (“10 milhões de mortes agora versus o planeta inteiro depois”). Rebecca Ferguson endossa: a força do filme está em obrigar a plateia a completar a história. Jared Harris argumenta que, se o roteiro fechasse “com laço”, viraria apenas “boa montanha-russa”; assim, vira conversa pública. Anthony Ramos, que vive o major responsável pelos mísseis interceptores, descreve a falha do sistema como o estopim de culpa e colapso emocional no front técnico.

Realismo de procedimento


Para sustentar a tensão, a produção recorreu a consultores com experiência no STRATCOM (Comando Estratégico dos EUA), lapidando cadeia de comando, protocolo e salas de decisão. Bigelow filma com câmera próxima e nervosa, numa abordagem quase documental, que mantém a ação claustrofóbica e o debate político no centro.

Sobre o que é ‘Casa de Dinamite’?


Terceiro painel de uma trilogia político-militar de Bigelow (ao lado de “Guerra ao Terror” e “A Hora Mais Escura”), o filme acompanha a Casa Branca correndo para atribuir autoria e definir resposta a um lançamento nuclear não identificado, enquanto o relógio corre e o risco de erro cresce.


Quem está no elenco


Idris Elba, Rebecca Ferguson, Gabriel Basso, Jared Harris, Tracy Letts, Anthony Ramos, Moses Ingram, Jonah Hauer-King, Greta Lee, Renée Elise Goldsberry
e Jason Clarke. Roteiro: Noah Oppenheim.


Veredito


“Casa de Dinamite” não oferece catarse, mas, sim, incômodo. Ao devolver a decisão ao público, Bigelow desloca a discussão do “o que aconteceu?” para o “o que deveria acontecer, e quem decide?”. É um convite à conversa sobre um arsenal que permanece na sombra do cotidiano.


Serviço

  • Título: Casa de Dinamite

  • Direção: Kathryn Bigelow

  • Onde ver: Netflix (sem custo adicional para assinantes)

  • Aviso: Contém cenas e discussões sensíveis sobre guerra nuclear

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