Se você notou a tartaruga de Lego no quarto de Georgie ou a tartaruga na pedreira em It: A Coisa, pode ter pensado em um símbolo de infância. Nos livros, porém, a Tartaruga tem nome e papel: Maturin, uma entidade ancestral que habita o Macroverso, o “fora” da nossa realidade, o mesmo domínio de onde vem A Coisa.
Em termos de mitologia kinguiana, Maturin é ordem, criação e vida, contraponto direto ao caos e consumo representados por Pennywise. Em lendas internas, é creditado a Maturin ter “vomitado” o universo, imagem grotesca e poética que a série A Torre Negra ecoa ao falar das forças que sustentam a existência.
Maturin vs. Pennywise: uma guerra acima de Derry
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Maturin (a Tartaruga): benevolente, criador, ligado à ordem; antigo, lento, frequentemente adormecido.
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A Coisa (Pennywise): predador cósmico, ligado ao caos; alimenta-se do medo e do sofrimento.
Nos romances, o confronto em Derry é o reflexo terreno dessa disputa cósmica. Durante o Ritual de Chüd, Bill Denbrough chega a contatar Maturin no Macroverso e recebe a “dica” decisiva: fé infantil, crença e união são armas reais, não metáforas, contra Pennywise. É por isso que as formas de medo (lobisomem, múmia) funcionam, pois a crença molda a realidade dentro das regras daquele embate.
Por que os filmes “escondem” a Tartaruga
Andy Muschietti enxugou essa teia metafísica no cinema para manter o foco na força humana dos Perdedores, com amizade, lealdade, coragem. A mitologia de Maturin virou aceno visual (as tartarugas em cena), enquanto o poder da crença ficou internalizado no grupo. Ainda assim, o prequel televisivo mantém a tradição de espalhar tartarugas por Derry como homenagem ao cânone literário.
Atualização da série: It: Welcome to Derry
A série estreou em 26 de outubro de 2025 na HBO, com episódios semanais aos domingos. De forma excepcional de Halloween, o capítulo 2 saiu na sexta, 31 de outubro, de madrugada nos EUA, antes do horário tradicional de domingo. No Brasil, o capítulo dominical vai ao ar às 22h.
Em uma frase
Nos livros, Maturin não é enfeite, é a bússola metafísica que explica por que o afeto e a fé dos Perdedores podem derrubar um predador cósmico. Uma camada que o cinema reduziu a símbolos, mas que a mitologia de Stephen King mantém como coração do conflito.
Redação / Rolling Stone