Clássico absoluto sobre rock e jornalismo, Quase Famosos (2000) venceu o Oscar e o BAFTA de Roteiro Original, levou o Globo de Ouro de Melhor Filme (Comédia ou Musical) e ainda rendeu um Grammy pela trilha. Mas o longa de Cameron Crowe, que acompanha um repórter de 15 anos em turnê com a banda fictícia Stillwater nos anos 1970, quase teve um elenco completamente diferente. A história voltou aos holofotes no podcast de 20 anos do filme (Origins: Almost Famous Turns Twenty), que revelou a dança das cadeiras na pré-produção.
O elenco que quase aconteceu
Nos estágios iniciais, Meryl Streep foi cotada para Elaine Miller (a mãe superprotetora), papel que ficaria com Frances McDormand; Natalie Portman testou para Penny Lane, personagem eternizada por Kate Hudson; e Brad Pitt chegou a ser escalado como o guitarrista Russell Hammond, depois vivido por Billy Crudup.

Brad Pitt foi cotado para viver o guitarrista Russell Hammond (Foto: Divulgação)
Segundo Crowe, após o sucesso de Jerry Maguire (1996), Pitt manifestou vontade de trabalhar com ele. Os dois passaram cerca de quatro meses lapidando o personagem, com leituras de roteiro (inclusive ao lado de Portman) e ensaios com Patrick Fugit, o jovem protagonista. O diretor lembra que Pitt tinha timing cômico e carisma ideais para o papel.
Por que Pitt saiu
A desistência veio de surpresa e, nas palavras de Crowe, foi “dolorosa”. O cineasta acredita que o ator se apaixonou pela ideia do personagem, mas não pelo personagem em si como estava no roteiro. Rumores na época atribuíam a saída a questões salariais; o diretor, porém, acha que houve também insegurança criativa, possivelmente ligada à dinâmica entre Russell e Penny Lane. O casting director Gail Levin confirma que Pitt era a “primeira escolha”, mas reconhece que as negociações não avançaram.
Como a troca moldou o filme que conhecemos
A entrada de Billy Crudup mudou o tom de Russell Hammond: menos “estrela inalcançável”, mais rockstar vulnerável, o que reforça a contraposição com a doçura deslumbrada de Penny (Hudson) e a ingenuidade observadora de William (Fugit). No fim, Quase Famosos encontrou seu equilíbrio raro entre romantização e autocrítica. Um olhar nostálgico para o rock setentista, sem perder a ironia sobre a indústria e o culto à fama.
Por que ‘Quase Famosos’ segue formador de gerações
Com 91% de aprovação no Rotten Tomatoes, o filme virou rito de passagem para aspirantes a jornalistas culturais: celebra a reportagem na estrada, o caderno amassado, a entrevista no pós-show e o dilema ético de “ser amigo da banda”. A trilha, de Led Zeppelin a Elton John, não é só pano de fundo: organiza afetos e dá compasso à jornada de amadurecimento do protagonista. É essa fusão de memória musical + olhar jornalístico que torna o longa tão duradouro, e que teria sido diferente caso aquela escalação inicial se confirmasse.
Onde assistir: disponível no Max (antiga HBO Max).