A noite virou território definitivo para LOUISE. Cantora, compositora e atriz pernambucana, ela escolheu a insônia como primeiro capítulo de sua carreira solo.
Lançado nesta segunda (11), “Insônia” já está em todas as plataformas digitais e chega como um encontro entre R&B e trip-hop, envolto em uma atmosfera densa, urbana e introspectiva, que prepara o terreno para o EP Notívaga, previsto para 2026.
Longe de ser apenas “mais um single de estreia”, a faixa marca uma espécie de recomeço.
“Esse é o começo de algo totalmente novo na minha carreira. É o ponto de partida de uma trajetória que pretendo construir com uma base forte e sólida”, conta LOUISE, definindo o lançamento como “uma viagem solo no mundo da música”.
Um beat, uma sessão e uma música que nasceu do improviso
“Insônia” nasceu em estúdio, no Recife, em parceria com o cantor e produtor Barro. Enquanto ele desenhava a base instrumental, LOUISE ia testando versos, melodias e refrão em tempo real, numa construção intuitiva, quase como se estivesse escrevendo um diário em voz alta.
O resultado é uma faixa que parece caminhar pela madrugada: bateria arrastada, clima nebuloso, vocais íntimos, quase sussurrados. É a trilha de quem olha para o teto, rolando de um lado para o outro, incapaz de desligar a mente.
Paixão, ansiedade e a madrugada como cenário
A imagem que acende a narrativa de “Insônia” vem do Marco Zero do Recife: o ponto em que rio e mar se encontram no horizonte. LOUISE transforma essa geografia afetiva em metáfora de um estado emocional à flor da pele.
A música retrata uma fase de paixão obsessiva, em que o desejo e a ansiedade se misturam até o sono desaparecer.
“Acho que a personagem dessa música está numa fase meio obsessiva, a ponto de não conseguir dormir de tanto pensar no ser amado. Não tem mensagem, tem um cenário e um sentimento”, explica a artista.
“Insônia” não tenta oferecer respostas. Ela se contenta em traduzir um clima. Aquele lugar entre o desejo, o descontrole e o silêncio da noite.
Herança do mangue, caminhada própria
Filha do cantor e compositor Chico Science, LOUISE cresceu cercada pela efervescência cultural do Recife. Ainda criança, começou no teatro. Na adolescência, entrou em bandas da família, viveu o palco de perto e, depois, deu um passo para trás: ficou quase dez anos longe da música.
O retorno foi gradual, sempre em projetos coletivos. Ela passou por grupos como Afrobombas, Coisinha e Manguefonia, além de emprestar a voz à faixa “Dorival”, da Academia da Berlinda. Agora, com “Insônia”, ela finalmente ocupa o centro da narrativa.
O single revela um mosaico de referências: Erykah Badu, Portishead, ecos dos anos 1990, a vibração do R&B contemporâneo e uma pegada trip-hop que abraça a vulnerabilidade em vez de escondê-la.
“Finalmente sinto que posso ser eu mesma sem medo. Sou eu ligando o foda-se, sabe? Não estou preocupada em agradar quem estava acostumado a me ver em projetos de outras pessoas”, diz LOUISE.
Sintonia de estúdio, selo próprio e estética noctívaga
“Insônia” foi gravada no Estúdio Zelo, no Recife, com produção de Barro e Guilherme Assis. A mix e master ficaram por conta de Guigo Berger. O lançamento é assinado pelo selo Zelo, com distribuição da Altafonte.
A estética visual também é parte do manifesto. A capa do single foi dirigida pela própria LOUISE, com foto de João Alencar, reforçando o caráter autoral dessa nova fase: não é só uma música, é uma identidade em construção — sonora, visual e poética.
Notívaga: liberdade, identidade e o lado B da noite
“Insônia” não é um ponto fora da curva, mas o cartão de visitas de um universo que LOUISE promete explorar em profundidade em Notívaga, seu EP de estreia solo. A obra deve se debruçar sobre temas como:
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liberdade e autodescoberta;
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identidade e vulnerabilidade;
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a linha tênue entre solidão, desejo e autoconhecimento.
“Pela primeira vez, estou gostando do que componho e estou feliz e satisfeita com o que vou apresentar”, resume.
Se a insônia, para muita gente, é só tormento, LOUISE a transforma em matéria-prima criativa: uma noite em claro que vira groove, fluxo de consciência e manifesto de independência artística.