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Música da noite: "Coisas da Vida" e outros delírios luminosos
Uma viagem breve, e nada ingênua,pelo existencialismo pop de Rita Lee.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 22/11/2025 18:50 • Atualizado 22/11/2025 18:50
Música
Rita Lee canta como quem escreve no espelho, sem firulas (Foto: Reprodução)

Coisas da Vida” é Rita Lee fazendo aquilo que só ela poderia: transformar o ordinário em delírio pop, colocar poesia onde ninguém jurava existir e vestir o cotidiano com um brilho imprevisível. A música caminha naquela fronteira tênue entre o sublime e o banal, mas com a elegância de quem sabe que viver é, acima de tudo, uma coleção de tropeços coreografados.


Rita canta como quem escreve no espelho, sem firulas, mas com aquele humor torto que abraça a tragédia e o riso ao mesmo tempo.


Existe, na faixa, uma melancolia que não se assume. Ritmos leves sustentam versos que falam de naufrágio emocional, mas sem drama gratuito. É a arte de sofrer sambando, de doer sorrindo. Coisas da vida, afinal. A estética sonora parece saída de um diário escrito com caneta vermelha, rabiscado, impulsivo, mas ainda assim incrivelmente lúcido. Uma confissão que dança. Um caos afinado.

E no fim, a música deixa aquela sensação típica da Rita: a vida não melhora, mas fica mais suportável quando a gente veste glitter por dentro. As dores permanecem, os amores escapam, o tempo corre como sempre, mas tudo soa menos cruel quando a trilha sonora entende que existir é esse eterno tropeço cósmico. E Rita, com sua sagacidade leve e sua anarquia doce, sempre entendeu.

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