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Música da noite: a liturgia dos garotos perdidos
"First of the Gang to Die" é o brilho sujo das ruas onde a inocência nunca volta inteira.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 05/12/2025 19:43 • Atualizado 05/12/2025 19:43
Música
Hector, o santo das ruas invisíveis, e crônica para um mártir improvável (Foto: Reprodução)

First of the Gang to Die parece carregar uma cidade inteira nos ombros. Morrissey transforma o destino trágico de Hector em um rito de passagem urbano, meio violento, melancólico e paradoxalmente luminoso. Na cadência da canção, cada verso ecoa como grafite molhado pela chuva, um mural improvisado onde juventudes perdidas encontram a única forma de permanecer, que é sendo lembradas.

Mas Hector não é só personagem, é síntese. É o ragazzo que desafiou a noite. O garoto que corre mais rápido do que o futuro, que ama com a urgência de quem sabe que a noite não perdoa, e que se sacrifica por uma glória pequena demais para durar. Sua morte não é apenas um fim, é um lembrete que os heróis das periferias são feitos de coragem e condenação, matéria-prima que o mundo insiste em desperdiçar.
 

E Morrissey, com sua ironia resignada, entrega essa história como quem acende uma vela para sombras que nunca se dissipam. Na música, Hector continua jovem, insolente e eterno. Foi o primeiro da galera a morrer, mas também o primeiro a provar que, mesmo esmagada pelas estatísticas, a vida encontra maneiras de arder.

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