Google Analystic
Música da noite: sobre marolas e metáforas
Chico Science reinventa o mar como território afetivo, político e pulsante, onde cada onda devolve a memória e o desejo.
Por Redação Rádio VB
Publicado em 12/12/2025 18:44 • Atualizado 12/12/2025 18:44
Música
Um mergulho em A Praieira com Chico Science dentro da estética manguebeat (Foto: Divulgação)

No balanço percussivo de A Praieira, Chico Science transforma o litoral em rito e linguagem. A música não descreve apenas a praia, ela convoca seu espírito, suas contradições, o sol que queima e o vento que cura. Há algo de ritualístico na repetição das imagens, como se cada verso fosse uma maré voltando para lembrar que o corpo também é geografia instável.

Dentro da estética manguebeat, a praia deixa de ser cenário turístico e vira organismo vivo, atravessado por tensões, encontros e sobrevivências. Chico canta como quem observa o mundo de dentro da maresia: os fluxos, os afetos, as derivas de quem tenta pertencer sem se fixar. A canção pulsa entre o contemplativo e o insurgente, um lugar onde o sujeito se dissolve para se reencontrar
 

E, ao final, A Praieira se revela menos sobre o mar e mais sobre o movimento. Uma ode à impermanência, ao andarilho que retorna sempre ao mesmo ponto para descobrir que nada permanece igual. Como toda boa obra de Science, ela nos lembra que o litoral é também fronteira simbólica, um espaço onde a vida experimenta ser outra, ainda que por alguns minutos de música.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!