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Produção honra a obra, e série Cem Anos de Solidão revive a magia de Gabo
Cultura
Publicado em 05/01/2025

Gabriel García Márquez nunca permitiu em vida que sua obra-prima fosse adaptada para a tela. Era resistente, e insistia que o leitor tivesse a experiência de reproduzir a saga ambientada na mítica Macondo no próprio pensamento. De fato, o escritor colombiano alcançou esse objetivo ao vender mais de 50 milhões de exemplares e, por fim, ser agraciado com um Nobel de Literatura.

O projeto visual só se tornou realidade após a Netflix convencer os filhos e herdeiros do autor de que poderia fazer jus à história da família Buendia. A série Cem Anos de Solidão chegou a mais de 90 países de forma simultânea e colocou realismo mágico à disposição de um público ainda mais amplo.

A produção marca um ponto altamente positivo ao introduzir um narrador à série, e o artifício funciona como um elemento literário substancial, como se o expectador, além de ver, pudesse "ler" os trechos escritos por Gabriel Garcia Marques. Um acerto que honra ainda mais a memória do autor, e instiga quem, por ventura, não tenha lido o livro, a buscar refúgio nas mais de 500 páginas de Cem Anos de Solidão para descobrir mais detalhes sobre a obra

Os diretores Laura Mora e Alex García López também acertam na autenticidade visual da série. A fotografia hipnotizante, impulsionada pelas filmagens in loco na Colômbia, consegue capturar o ambiente hostil das enfumaçadas selvas colombianas, e leva o espectador diretamente a uma viagem ao pensamento do autor. O recurso visual deixa a poesia do romance viva durante todos os oito capítulos desta primeira parte da história contada pela Netflix.

A fidelidade à língua original do livro é outro aspecto a ser destacado, assim como o elenco genuíno. A poética de Gabriel García Márquez em castelhano é preservada, e com isso a integridade cultural da obra se mantém acesa, vibrante, como se o romance passasse página a página diante dos olhos do público. 

A série é reforçada pela atuação forte dos atores colombianos, como Eduardo de los Reyes, que interpreta o coronel Aureliano Buendía adulto, e aquele sempre impactante olhar de assombro. 

Levar Cem Anos de Solidão para as telas era um desafio de proporções inimagináveis, mas, ao aceitar a missão, Laura Mora e Alex García López tinham trunfos nas mãos para não cair em armadilhas que comprometeriam a força da obra. Foram corajosos, isso é um fato, e a recompensa veio com aplausos sinceros de um público que estava pronto para amarrá-los no pé de uma castanheira. 

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