A Segunda Guerra Mundial causou impactos profundos na Europa, e a ocupação nazista da Noruega, entre abril e junho de 1940, foi um marco na resistência do país.

Embora neutra no conflito, a Noruega possuía uma localização estratégica essencial para o avanço alemão, especialmente pelo porto de Narvik, crucial para a exportação de minério de ferro sueco durante o inverno. O controle dos portos noruegueses também garantiria para a Alemanha uma vantagem marítima sobre os Aliados.

Apesar da rápida ocupação, a resistência norueguesa se manteve ativa até o final da guerra. Um dos nomes centrais desse movimento foi Gunnar Sønsteby, figura central do filme Número 24, dirigido por John Andreas Andersen, em cartaz na Netflix.

Sønsteby, conhecido pelo codinome "Kjakan" (O Queixo), tornou-se o membro mais condecorado da resistência norueguesa, conduzindo inúmeras missões de sabotagem e frustrando os planos da Gestapo com mais de 30 identidades falsas. Sua habilidade em se camuflar na multidão e escapar da captura reforça a complexidade de sua trajetória.

Número 24 apresenta a vida e os dilemas de Sønsteby sob uma ótica intimista, abordando os traumas e desafios morais enfrentados pelo protagonista. A direção detalhista de Andersen enfatiza o impacto psicológico da guerra, enquanto o roteiro constrói uma narrativa que mescla ação e reflexão.

Erik Hivju e Sjur Vatne Brean entregam performances que traduzem tanto a coragem quanto os conflitos internos do personagem principal.

A produção destaca o peso das memórias reprimidas e as consequências emocionais da resistência. A estrutura não linear pode apresentar desafios para a compreensão da narrativa, mas essa escolha também aprofunda a experiência do espectador ao revelar gradualmente os impactos do passado sobre Sønsteby.

O filme transcende o relato histórico, oferecendo um olhar sensível sobre o custo humano da guerra e a luta pela liberdade.

Ao trazer a história de um dos maiores heróis da resistência norueguesa para as telas, Número 24 não apenas resgata um capítulo importante da Segunda Guerra Mundial, mas também reflete sobre os dilemas éticos e emocionais que acompanham aqueles que desafiaram a ocupação nazista.