Sigmund Freud, nascido em 6 de maio de 1856, revolucionou para sempre a forma como entendemos o ser humano. Criador da psicanálise, ele inaugurou uma era em que os sonhos, os desejos reprimidos, os lapsos de linguagem e o inconsciente passaram a ser chaves para compreender a mente — e também para moldar narrativas na literatura e no cinema.
Freud: da ciência à ficção
Freud não foi apenas um cientista, mas também uma figura literária em essência. Seu método de escuta, sua linguagem metafórica e seu fascínio por mitos — como o Complexo de Édipo — influenciaram profundamente a literatura do século XX.
Escritores como Thomas Mann, Franz Kafka, Virginia Woolf e Clarice Lispector dialogaram diretamente com os conceitos freudianos, seja ao estruturar personagens em conflitos internos, seja ao desconstruir a linearidade do tempo narrativo.
Na literatura brasileira, Freud reverbera nos fluxos de consciência e nos dilemas existenciais de autores como João Guimarães Rosa, Lygia Fagundes Telles e Rubem Fonseca, cuja violência urbana muitas vezes revela pulsões escondidas sob a superfície social.
Freud nas telas: do consultório à cultura pop
No cinema, Freud não apenas foi representado como personagem — vide o filme "Freud, Além da Alma" (1962), disponível no catálogo da plataforma Looke, dirigido por John Huston e estrelado por Montgomery Clift — como também inspirou incontáveis obras que mergulham nas camadas da psique humana. Filmes como:
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"Spellbound" (1945), de Alfred Hitchcock — que traz cenas de análise e uso onírico inspirado em Salvador Dalí;
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"Cisne Negro" (2010), de Darren Aronofsky — que mergulha nas pulsões e dissociações do ego;
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"O Iluminado" (1980), de Stanley Kubrick — onde o labirinto da mente ganha forma arquitetônica;
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"Donnie Darko" (2001) — um delírio psicológico repleto de simbolismos sobre tempo, culpa e destino.
Além disso, séries contemporâneas como "The Sopranos", "Fleabag" e "In Treatment" continuam a reverberar o legado de Freud, colocando a análise no centro do drama e da narrativa.
Freud como linguagem da subjetividade
A maior contribuição de Freud à arte talvez não tenha sido direta, mas simbólica: ele ajudou o mundo a aceitar que o ser humano não é senhor de si mesmo. Que há desejos recalcados, traumas não resolvidos e fantasias que influenciam cada decisão. A literatura e o cinema, com suas possibilidades de metáfora e subtexto, tornaram-se os campos ideais para essas investigações.
Freud como personagem
Nos últimos anos, Freud também virou personagem ficcional, como na série "Freud" (2020) da Netflix — que mistura suspense policial com teorias psicanalíticas em um enredo fantasioso.
O romance "Quando Nietzsche Chorou", de Irvin D. Yalom, mergulha na ficção e filosofia em encontros hipotéticos entre pensadores.
Freud continua a inquietar
Neste 6 de maio, aniversário de Freud, o que se celebra é menos um legado fechado e mais um campo aberto de interrogações. A cada nova geração, Freud é relido, criticado, apropriado e até parodiado — mas raramente ignorado. Seu nome, seu método e seus mitos continuam a habitar tanto os divãs quanto as páginas e as telas.
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