A Netflix revelou nessa segunda-feira (28) as primeiras imagens de Frankenstein, aguardada adaptação do clássico de Mary Shelley que será dirigida e roteirizada por Guillermo del Toro. Conhecido por imprimir uma estética autoral e visceral às suas obras — como em O Labirinto do Fauno e A Forma da Água —, del Toro retorna ao horror gótico com um projeto que promete não apenas revisitar, mas reimaginar um dos pilares da literatura fantástica do século XIX.
Frankenstein ou o Prometeu Moderno, publicado em 1818, narra a tragédia do cientista Victor Frankenstein e da criatura que ele traz à vida, em uma alegoria sobre ciência, ambição e rejeição. Embora popularmente confundido com o nome do criador, o “monstro” se tornou um ícone multifacetado da cultura pop, permeado por leituras contemporâneas que vão do existencialismo ao subtexto queer — uma camada simbólica que del Toro, com seu olhar sensível para a alteridade e o deslocamento, pode explorar com riqueza.
A produção traz Jacob Elordi (Saltburn) no papel principal, ao lado de Mia Goth (Pearl, X, Infinity Pool), dois nomes ligados a uma nova geração de atores que transita com naturalidade entre o cinema de gênero e o drama psicológico. O elenco de peso inclui ainda Oscar Isaac, Felix Kammerer, David Bradley, Lars Mikkelsen, Christian Convery, Charles Dance e Christoph Waltz.
As imagens divulgadas antecipam uma ambientação densa e fiel à época do romance, sugerindo que o longa seguirá uma linha estética próxima à de Nosferatu, de Robert Eggers — com cenografia marcada por sombras, arquitetura expressionista e atmosfera carregada.

Baseado no histórico de Guillermo del Toro, a expectativa é de que Frankenstein recrie o enredo clássico e amplifique em dimensões filosóficas e emocionais a história.
Del Toro costuma explorar a monstruosidade como metáfora para a humanidade ferida e marginalizada, o que casa perfeitamente com os dilemas da criatura de Shelley. Mais do que uma simples adaptação, o filme pode oferecer uma leitura pungente sobre identidade, rejeição e a ética da criação — temas que, mais de dois séculos depois, continuam “soprando no vento” da nossa inquietação contemporânea. A estreia está prevista para novembro.