No dia 11 de agosto de 1972, há exatos 53 anos, a última unidade de combate terrestre dos Estados Unidos deixava o Vietnã do Sul, marcando um dos momentos mais emblemáticos do fim de uma guerra que moldou a geopolítica da segunda metade do século XX e se introduziu na memória cultural de uma geração.
A Guerra do Vietnã, com suas selvas encharcadas, seu conflito moral e imagens brutais transmitidas pela televisão, se tornou um trauma coletivo — tanto para os que lutaram quanto para aqueles que a acompanharam à distância.
Entre tantas narrativas produzidas sobre o período, Bom Dia, Vietnã (Good Morning, Vietnam, 1987), estrelado por Robin Williams, capturou de forma singular a tensão entre horror e humanidade. O filme está disponível para assinantes da Disney+
No papel do radialista Adrian Cronauer, Williams cria uma performance explosiva, mesclando improviso, humor ácido e sensibilidade política. A rádio do exército, que deveria ser uma ferramenta de propaganda, se transforma em espaço de catarse coletiva — com rock’n’roll, piadas subversivas e, sobretudo, um recado velado contra a alienação e a desumanização da guerra.
O filme reflete a contradição de um conflito que insistia em permanecer mesmo diante da exaustão das tropas, e também resgata o poder da música e da palavra como ato de resistência.
Ao som de clássicos da época — de Louis Armstrong a The Beach Boys —, Bom Dia, Vietnã se torna um lembrete de que, mesmo em meio ao caos, ainda é possível encontrar frestas de riso e humanidade.
Em 11 de agosto de 1972, as botas norte-americanas deixavam o solo vietnamita; mas a memória, a cultura e as histórias que a guerra gerou permanecem vivas — e, às vezes, embaladas por uma trilha sonora que diz muito mais do que qualquer discurso oficial.
Relembre What a Wonderful World, com Louis Armstrong, clássico que fez parte da trilha sonora do filme.